Há democracias e democracias
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Neste blog faz-se o exercício da crítica acerca da educação e de outras questões conexas. Tenta-se exercê-la de forma fundamentada e honesta ainda que por vezes ácida demais. Matéria não falta. Falta por vezes o tempo, a competência e a disposição.
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Dá o Outono as uvas e o vinho
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Para que é preciso um povo Culto e Educado?
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Bastante ocupado com o trabalho e com estudos paralelos, nos últimos tempos fui muito irregular na escrita aqui no blog. Embora considerando muito interessante o processo de escrita em blogs tive de fazer opções que passaram por não publicar com a periodicidade mínima que requer este meio de comunicação.
Sabemos todos o montante do valor da transferência do Cristiano Ronaldo. E é giro saber isso. Porque é que não é tão propagado o montante dos dinheiros que o Real Madrid ou a FIFA movimentam?
O que é verdadeiramente importante na Educação Física, em primeiro lugar, é que o professor consiga transmitir aos seus alunos o gosto pela actividade e pela cultura (física e desportiva). Essa faceta energética e afectiva do ensino é um poderoso motor que põe em marcha todo um processo que se nutre e requer a autonomia do aluno. Daí que, para além dessa primeira intenção pedagógica – a de dar o gosto pela prática da actividade – o professor tem de guiar os alunos nas aprendizagens que qualificam essa prática: fazê-los aprender bem, os fundamentos primeiro, (e não é de somenos ou fácil definir o que são esses fundamentos), nutri-los de conhecimentos “sur mesure”, apetrechá-los de competências, a principal das quais é a de serem autónomos quanto possam ser e quanto antes.
Num período como este que se aproxima, de avaliação e classificação dos alunos, os professores deparam-se com problemas de variado tipo, em que os de consciência não são dos menores.
"Um povo ignorante é um instrumento cego da sua destruição"
A manif de sábado foi mais uma impressionante mensagem de resistência cívica de dezenas de milhares de professores. O lema não podia ter sido mais bem escolhido: A FORÇA DA NOSSA RAZÃO.
Eis uma excelente iniciativa que também subscrevo e aqui coloco:
Uma senhora que por acaso é ministra da Educação passou 4 anos a denegrir os professores. Anteontem, a respeito de uma banal prova de aferição em que os professores pouco mais têm de fazer do que papaguear um guião e vigiar alunos, ela elogia-os pela primeira vez e considera esse comportamento altamente profissional.
Em 1989 este cientista da Educação que cito, traduziu muito bem num artigo de que aqui se extrai um excerto, o que os professores pensaram e fizeram desde sempre, profissionalmente. Em Portugal, temos responsáveis (peço desculpa à palavra) do governo que pensam que os professores são aplicadores de receitas e para os quais a avaliação normal é a correspondente a essa visão estreita. E parece que num congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação bateram palmas a uma triste figura. Se isso aconteceu, vai mal a "ciência" educativa em Portugal.
Hoje tive um momento de felicidade ao ver um blog sobre o grande matemático e antifascista português, professor José Morgado. Soube da sua existência ontem, em conversa com o seu filho Paulo Morgado, que está a desenvolver este trabalho de serviço público. É que não foi só Fernando Pessoa que deixou arcas... Explorar este blog é fonte de conhecimento, de cultura e de história.
No 25 de Abril de 74 eu tinha apenas 10 anos. No entanto vivi-o intensamente. Acompanhei e participei nas manifestações que quase diariamente passavam na minha rua da infância na direcção do Quartel General do Porto.
« 150 treinos mais 20 a 25 jogos por ano, de novo dispondo de total autonomia na direcção e condução da actividade, a significar terreno profícuo ao desenvolvimento, é no nosso olhar sobre o jogo que começa por ocorrer a mudança.
O episódio que se está a passar em Santo Onofre e, com certeza noutras escolas deste país, é uma mistura de tratamento exemplar e de caça às bruxas. Tratamento exemplar para tentar demover alguém com ideias semelhantes para resistir ao avanço do processo do Ditador escolar; caça às bruxas para castigar os recalcitrantes.
Hoje li uma notícia má. A editora Campo das Letras está em dificuldade e pode fechar. Depois da Caminho ser engolida pela Leya, este é mais um rude golpe nas editoras que publicam conteúdos críticos em Portugal.
Um senhor anda a queixar-se de estar a ser alvo de uma campanha negra.
Chamaram-lhe árvore
Não é original o que vou dizer: tanto ou mais importante do que saber dar respostas é saber colocar perguntas. Aliás perguntas e respostas, respostas e perguntas estão em recíproca interacção. Hoje tive um exemplo disso: só quando a minha mulher começou a colocar questões para um problema com que nos deparávamos com uma câmera de video digital é que fomos capazes de dar uma resposta cabal ao problema. Enquanto em vão eu tentei dar respostas sem saber bem qual o problema em causa, a coisa não se resolvia.
"Toda a educação deve começar pela abordagem da alegria"
Um grande Homem morreu. O seu exemplo continua, nas suas palavras, peças teatrais, livros, etc. Como Homem nunca deixou de intervir nos grandes problemas do seu tempo, quando tantos intelectuais se acobertam na comodidade cómoda com que os tentam comprar. Um exemplo também para os professores neste tempo em que a dignidade está em jogo e alguns podem esquecer-se disso.
Vamos brincar à avaliaçãozinha
Um ministério suportado por um governo por sua vez suportado por maioria absoluta, apoiado pela maioria dos donos (e das vozes do dono) da comunicação social, apoiado pela direita de facto - a económica sobretudo - pode fazer o que está a fazer aos professores: um assassinato orquestrado duma classe com requintes de malvadez e persistente no tempo.
Como argumento para avançar com este monstruoso modelo de avaliação de professores a senhora ministra e o seu secretário de estado reconhecem não existir nenhum modelo igual a este na Europa mas que também não existe nenhum país com os nossos índices de insucesso e abandono escolar.
Depois da Escola o Agrupamento:
trago-vos aqui uma prosa que li hoje do Fernando Dacosta no JN.
Já nutri vários sentimentos pela actual equipa do ministério da Educação. Selecciono dois, ilustrativos: o pior foi o nojo que senti, por várias propostas repetidas, anti-constitucionais, as quais prejudicavam os professores doentes. E esse facto não é história, veja-se a proposta recente de concursos em que os destacamentos por doença estão na cauda da fila. Nojo também pela mentira repetida à exaustão que a equipa usa abundantemente.
Basta que os professores queiram e o movimento de suspensão deste iníquo processo dito de avaliação dos professores é imparável. As reacções simultaneamente ridículas, autistas, ziguezagueantes e por fim "ameaçantes" da "tutela", revelam que neste campo, perderam o pé. Haja capacidade dos professores de manterem inteligentemente a pressão, sem desgastes desnecessários imediatos.
"E.B. 2,3 Escultor António Fernandes de Sá, Gervide
Estou cansado mas muito motivado. Na minha escola estamos a conseguir recolher quase o pleno de assinaturas de professores numa carta a dirigir à ministra da Educação a exigir o que é preciso neste momento.
Na minha escola há, como penso haver em muitas, um sentimento de profunda insatisfação perante este modelo de avaliação proposto pelo ME. No entanto é uma contestação surda, à boca pequena e nunca se traduziu em actos escritos. No entanto há também que dizer que fomos 50 professores à manif de 8 de Março do ano passado.
Estão marcadas duas manifestações de professores, uma para 8 outra para 15 de Novembro. A primeira foi marcada pelos sindicatos depois da primeira ter sido marcada por colegas na net e ser formalizada por movimentos de professores. Eu preferia que estivesse apenas uma manif marcada e houvesse claramente uma perspectiva de luta a fazer e a começar nessa manif. Nem uns nem outros estiveram para aí virados e espero que esta bodega não dê para o torto.
Depois de uma tarde completa a trabalhar para os meus alunos e para a escola, mas sem sequer pensar no monstrinho da avaliação, parei para vir aqui ao meu blogzito.
Em 9 de Outubro de 1967, Che Guevara era assassinado a mando dos Estados Unidos da América. Mataram-lhe o corpo, imortalizaram-lhe a imagem e a alma.
Nesta altura faço votos que os professores contem consigo mesmos naquilo que não podem deixar de fazer neste momento, lutar e lutar com rumo por uma política educativa diferente, sem o que serão coniventes por desistência com estas políticas destrutivas maquilhadas pela propaganda diária do governo de Pinto de Sousa e de Maria de Lurdes.
Que pena que eu tenho dos nossos "governantes". Se eles passam todos os santos dias e os dias santos a fazer propaganda eleitoral, devem ter de passar a "governar", ainda que pouquinho, à noite. Deve ser uma grande estafa. Coitadinhos.
Recolhi dos comentários do blog do Paulo Guinote um comentário da Fernanda que me diz muito do ponto de vista pessoal. Referia-se a um artigo da Pública de hoje.
Furtei à 3sa uma citação que sinto também pessoalmente e que faço questão de aqui a colocar:
A Isabel no Memórias Soltas foi um pouco mázinha e lembrou-nos a todos que o Verão está a fugir. Para esquecer esse facto e também outros personagens sinistros, deixo aqui esta canção.
"Amigos(as)
Os sindicatos deveriam já estar no terreno, a auscultar os professores. A plataforma deveria ser ressuscitada. Os movimentos que entretanto apareceram não deveriam ser ignorados desde que não ignorem, por sua vez os sindicatos. Os blogs da coisa educativa, alguns dos quais atingem uma proeminência bem merecida, podem e devem estar envolvidos neste processo todo.
Final da primeira semana de aulas: muito trabalho mas os alunos compensam. E também compensam ter de continuar a aturar as malfeitorias mais do que nunca enfeitadas de Pinto de Sousa e da sua troupe.
Lá fora quando os bancos privados dão lucro são os privados a lucrar, quando dão prejuízos ou estão quase a ir à falência os governos neoliberais nacionalizam-nos fazendo pagar esses prejuízos a todos os contribuintes. Quando voltam a engordar privatizam-nos outra vez.
Quanto à operação de propaganda que o governo fez hoje, dia do diploma e do "cheque", deixo a sua desmontagem para a conferência de imprensa da Fenprof que, em conjunto com dois investigadores da Educação, foi bastante esclarecedora.
Todos nós sabemos, os que andamos nas escolas, que os mandatos que têm caído em cima das escolas e dos professores são descomunais e impossíveis de responder. Os professores e escolas, na sua grande maioria, tentam responder a estes mandatos excessivos para os quais não estão preparados e não têm meios necessários. As soluções reais passarão evidentemente por mudanças sociais que respondam às necessidades que não deverá caber às escolas resolver. As crianças quando vêm para a escola, deverão vir bem alimentadas, vestidas, bem alojadas, bem educadas em famílias que também elas tenham os recursos necessários para os fornecer às suas crianças. Enquanto isto não acontecer as escolas e os professores irão tentando tapar remendos, fazendo tantas vezes o impossível e sendo acusadas de não conseguir aquilo que se lhes torna inviável conseguir.Que solução proponho para tudo isto: acho que as escolas e os professores, individualmente e colectivamente devem simultâneamente denunciar, propor e agir. Denunciar tudo aquilo que a nível das políticas sociais gerais e educativas geram problemas que caem em cima da escola; exigir mudanças a nível destas políticas; propor soluções verdadeiramente educativas como profissionais que são; agir da forma mais responsável e profissional, ajudando as crianças e jovens que nos cabe educar e que não têm culpa nenhuma das situações difíceis em que tantas vezes estão colocadas. Ainda que pense que um professor possa só querer intervir conscienciosamente dentro da sua escola penso que só no seio duma dinâmica mais geral os problemas educativos se podem resolver. Pensar de outro modo é, na minha opinião, ingenuidade.
Hoje ouvi o Eduardo Sá e a Isabel Stilwell no seu programa de rádio da Antena 1. Confesso que não sou grande adepto do estilo e das ideias um pouco melífluas dos dois mas desta vez concordei com o que lá foi dito, especialmente pelo Eduardo Sá, sobre os recreios escolares.
Continuação da citação do post anterior:
As máscaras colocam-se e retiram-se, no caso dos artistas. No caso de "políticos" como Sócrates, a coisa funciona de forma diferente. Andam com elas permanentemente e, volta e meia, estas vão caindo, especialmente quando alguém lhes aponta os reais problemas ou quando obstáculos reais são colocados às suas limitações políticas.
Agradeço sinceramente ao senhor primeiro ministro e à senhora que vocês sabem por perder cada vez menos tempo, quase nenhum, com a porcaria da televisão.
Entrevista muito interessante a Dermeval Saviani:
“Pesquisa recente concluiu que a elite brasileira é mais moderna, ética, tolerante
A respeito das dezenas de milhares de professores formados que ficam sem colocação anualmente são tecidos pelos governantes e reproduzidos por muitas pessoas, algo como isto: " as escolas ou o Estado não são feitas para dar empregos".
Dermeval Saviani é um nome consagrado da Pedagogia brasileira. Acabei de reler o seu célebre livro Escola e Democracia e em pesquisa na net encontrei o seu site. Vale a pena explorá-lo. Aqui deixo um pequeno excerto de uma entrevista a servir de aperitivo para mais leituras deste autor. Os problemas da Educação são muito semelhante por esse mundo fora. No caso desta entrevista vejam as semelhanças notórias entre questões da política da Educação no Brasil com as do Portugal actual.