sexta-feira, janeiro 26, 2007

Minas e armadilhas

Existe uma técnica muito usada nestes tempos neoliberais:
1º- Deixa-se cair o nível dos serviços públicos prestados às populações. Para isso nada melhor do que cortar nos orçamentos dos serviços, nos efectivos que os prestam, nas condições de prestação. A desregulamentação é outro dos ingredientes fundamentais;
2º- perante a situação de não resposta ou resposta muito deficiente destes serviços, culpam-se os próprios serviços e os seus profissionais e, principalmente, o seu estatuto público;
3º- aparecem uns inteligentes a dizer que os privados prestariam serviços melhores e a preços mais baixos;
4º- a receita destes inteligentes é devidamente martelada nos órgãos de comunicação social independentes privados. (É também muito utilizado o recrutamento de inteligentes para grupos de trabalho, ditos independentes, promovidos pelos governos).
5.º- entra-se então no caminho da privatização, não sem primeiro, geralmente, se utilizarem uns nomes e umas entidades híbridas e pomposas tipo: PPP (Parcerias Público-Privadas) ou EPE (Empresas Públicas do Estado), Rede Público-Privada. Nos níveis autárquicos a coisa faz-se transitando dos Serviços Públicos Municipalizados para as Empresas Municipais em que o início do nome condiz com o sítio e o fim com a suposta utilidade. (Por exemplo GuindaisdeBaixoAnima);
6.º- Voltamos aos bons velhos tempos, isto é ao século XIX: queres Saúde, Educação, etc? Paga-a! Há algumas nuances, convenhamos: saúde, educação, assistência mínimas e de confrangedora qualidade e públicas para quem não pode pagar os serviços privados.
Este caminho a nível nacional está em pleno andamento com a Saúde, com a destruição do Serviço Nacional de Saúde. Pessoas a morrer ou a serem assistidas 7 ou 9 horas depois de serem acometidas por doenças súbitas, fruto do encerramento de unidades de saúde. E em vez de vermos os jornais atirarem-se às políticas de saúde e ao actual ministro já apareceram os inteligentes... a dizer que o INEM poderia ser privado, mais barato e com mais qualidade...
Nas autarquias este caminho é também bem visível.
Na Educação só não o vê quem andar cego.

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

A educação da mentira.

Acabei de ouvir a ministra que temos no ministério da Educação a dizer que não houve nenhuma irregularidade no último concurso nacional de professores (não tinha sido a última vez a dizer tal mentira).
Que fazer quando uma pessoa com as responsabilidades desta senhora mente desta forma tão despudorada?

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terça-feira, janeiro 23, 2007

No país dos ditos cujos.

No País dos sacanas: um poema de Jorge de Sena que aqui se pode ler. Com agradecimentos ao autor do blog onde o encontrei.

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domingo, janeiro 21, 2007

Sacanas

Que dizer de uma sacanagem de sacanas hipócritas como estes?
Por mim: sacanas. Ando há mais de 20 anos a trabalhar como professor para ganhar pouco mais do que estes tipos se auto-concedem de subsídio de alojamento na capital do império. Depois de andarem a atirar poeira para os olhos com a coragem contra os privilégios. Sacanas de hipócritas.

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sexta-feira, janeiro 19, 2007

"Praça de jorna"

A forma como o ministério da Educação trata os professores contratados é, para mim, revoltante:
-directamente, ao criar um calvário desnecessário e injusto para os próprios professores ao prescindir de concursos uniformes e nacionais. Porquê optar por formas de contratação que preconizam uma relação particularista em relação a cada uma das escolas, que obrigam os professores a andar a apresentar currículos casuisticamente, submetendo-se a critérios díspares e estando em última circunstância dependentes de "vontades subjectivas"? (Eu sei algumas das possiveis respostas que estiveram por trás dessa decisão);
-indirectamente, por exemplo, ao criar o caldo de exploração laboral que se tem visto com professores em saldo (contratados pelas câmaras ou por empresas) a trabalhar nas ditas actividades de enriquecimento curricular no 1.º ciclo.
Aproveitando o facto de haver milhares de professores actualmente no desemprego, (facto que os governos, incluindo este, contribuiram largamente para criar) este governo está a desvalorizar objectivamente a níveis nunca vistos a profissão de professor e a configurar a montante uma profissão precária, mal paga, explorada, de gente que "mendiga" humilhantemente pelas escolas e empresas de "serviços educativos"colocações, e que se verá bastante inclinada a recorrer, sempre que possível à "instituição" da cunha. A qualidade de ensino, as pessoas e as suas qualidades de cooperação nas escolas irão sofrer efeitos e não serão decerto num sentido positivo.
Tudo isto me faz lembrar as praças de jorna imortalizadas num pequeno texto do Soeiro Pereira Gomes.

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terça-feira, janeiro 16, 2007

Perfil borratado.

O ministério da Educação continua a sua saga de destruição do ensino público. Agora anuncia medidas a entrarem em vigor daqui a seis anos, alterando o "perfil" do professor a exercer no 2.º ciclo. Depois de rebaixarem o estatuto sócio-profissional dos professores vão rebaixar e descaracterizar completamente a formação de uma parcela significativa dos seus membros. Revejo-me na opinião da Fenprof que pode ser lida aqui.
Nunca foi tão urgente parar alguém no seio da 5 de Outubro.

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domingo, janeiro 14, 2007

Don Cavaco de La Mancha

O senhor presidente Cavaco Silva "quer globalização domada se der mais poder aos poderosos". E ainda há quem, como eu, considere que esta personagem não se situa no Centro-Esquerda do espectro político.
Pelos vistos o seu discurso revelou uma candura neoliberal insuspeita. Depois duma retórica interna sobre a inclusão, Cavaco Silva surpreende-nos agora com uma afirmação acerca das preocupações humanistas de luta contra a pobreza do Banco Mundial. Como diz na notícia os aspectos positivos da globalização superam os riscos ou os aspectos negativos.
Depois das acusações de "colonialismo" que, salvo erro" ouvi referir por parte duns contestatários ao doutoramento honoris causa (em literatura, deixem-me gargalhar, por favor) em Goa, o nosso presidente talvez tenha dado o flanco aos sempre incómodos anti-globalização. Pelo que sei a permanência de Cavaco na India durará vários dias. Ainda o incomodam mais agora, acusando-o de neoliberal, coisa que o nosso Social-Democrata não é de certeza!!!
Bem. acho que vou encerrar este post que mais parece uma posta de pescada ou um bolinho de bacalhau.
PS. Porque será que me deu uma vontade incrível de reler o magnífico livro "O ano da morte de Ricardo Reis" do Saramago? Há coisas que até alguém com memória de apenas 20 anitos facilmente reconhece.

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sábado, janeiro 13, 2007

Sísifo reencontrado

Subir aquela montanha
e a dado passo
pensar fazer dos pés
máquinas sem cansaço.

Entrar num templo desconhecido
e num degrau apenas suposto
perder para sempre a ilusão.

E, sem perceber bem como
Ser, pelo nada engolido.
Ser, pelo pó humilhado.

(Ontem fui ao funeral dum filho jovem de um colega de trabalho. Simplesmente das "coisas" piores da nossa vida.)

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segunda-feira, janeiro 08, 2007

BB ou uma forma assumida de carácter.

Baptista Bastos é um homem de convicções. Aprecio imenso a sua forma de dizer o que diz para além do conteúdo do dito. Não conheço ainda a sua obra como escritor, embora possua alguns dos seus livros. Conheço apenas alguns excelentes nacos de prosa seus nos jornais. É um exemplar de jornalismo que já não se usa.
Ao navegar na net encalhei com um conjunto de nacos que este homem produz regularmente para o Jornal de Negócios. Um oásis, - os seus textos - nesta propositada desertificação jornalística actual. Espero que saboreiem como eu o estou a fazer.

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Sugestões de leitura do mundo.

Quer saber mais acerca dos donos do mundo e dos mecanismos do seu funcionamento no nosso mundo dito globalizado? Veja este video.
Este e muitos mais videos que põem a nú os mecanismos do nosso mundo actual encontram-se no site Rebelion, nesta secção. Quando tiver tempo, aproveite.
PS.Nessa secção encontra alguns filmes dífíceis de encontrar comercialmente e obras primas da história do cinema como "O Couraçado Potemkine" legendado em espanhol.

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