sábado, abril 28, 2007

Falar com Desassombro.

Remeto os meus caros leitores para um texto de São José Almeida no Público de hoje, "Sobre a importância da greve geral", que poderão ler na totalidade no blog do Miguel Pinto. É um texto desassombrado e corajoso nos tempos que correm.
Alguns comentários deixo aqui:
-como é possível que alguns "sindicalistas", refiro-me à UGT e aos ditos sindicatos Independentes, considerem não estar reunidas as condições para uma greve geral em Portugal? Querem primeiro ver os trabalhadores completamente de joelhos ou de rastos?
-o único erro que vejo a CGTP cometer nesta situação é não ter, que eu saiba, formulado um convite formal de greve geral conjunta à UGT. Talvez já soubesse antecipadamente o que a casa gasta, mas pelo menos formalmente era aconselhável.
Este ano farei das comemorações do 1.º de Maio uma preparação para a greve geral de 30.
E nós professores, iremos aproveitá-la, ou passaremos ao lado com os argumentos do costume?

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sexta-feira, abril 06, 2007

O "espectro aceitável"

«A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, mas estimular muito intensamente o debate dentro daquele espectro... Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate».
Noam Chomsky

Se repararmos bem é exactamente isto que está a acontecer em quase toda a nossa comunicação social pública ou privada em Portugal. Leia-se com esta grelha fornecida por Chomsky os programas de pretenso debate existente na televisão social cujo exemplo mor é o "Prós e Contras". A essência está assim explicada.

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quarta-feira, março 28, 2007

Censuras

"Não há pior censura nos países democráticos, como se lhes chama, do que a económica"
Cineasta Costa-Gravas

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quinta-feira, março 22, 2007

Falar claro

"Somos os donos do país, possuímos o capital e também a terra, todos os demais formam uma massa influenciável e que se pode comprar; por isso não têm direito a nenhum poder".
Palavras do banqueiro Matte em finais do século XIX.
Nesse tempo podia-se falar claro. Imagino como agora os nossos banqueiros e poderosos devem andar entupidos. Só podem dizer coisas destas em privado. Valha que a realidade continua a mesma para compensar a sua falta de liberdade de expressão.
Citação recolhida do seguinte artigo do Resistir.Info.

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quarta-feira, março 21, 2007

"CONTRA O PESSIMISMO"

"A crítica radical do mundo tem uma ampla avenida pela frente, mas isso também implica em riscos. Nunca a humanidade dispôs de tantos avanços técnicos e científicos para transformar o mundo conforme os sonhos humanistas, mas nunca se sentiu tão impotente diante de um mundo que parece funcionar por uma lógica absolutamente autônoma..."

Emir Sader in Carta Maior (Leia lá o resto do artigo)

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segunda-feira, março 19, 2007

Metáfora de um país?

"Aquele desgraçado "A Bela e o Mestre" reflecte um País em colapso. E o colapso é de natureza cultural e não, exclusivamente, de ordem económica, como pretendem fazer-nos crer. O amolecimento moral dos portugueses só é proveitoso para o grupo possidente. A crítica ao poder deixou de existir. O que se combate é o Governo, ou os Governos, mesmo assim com a subtileza dos que esperam, um dia destes, ser beneficiados com sinecuras. O poder deixou de estar nas mãos dos Governos. Quem manda são os grandes grupos económicos. Basta reparar nos governantes que estiveram, estão e irão, certamente, estar nas grandes empresas privadas: banca, seguros, energia, saúde, educação. A análise do "sistema" ausentou-se dos media. E aqueles que ousam beliscar, ao de leve, o corpo coriáceo desse "sistema" pagam caro a pessoal exigência de rigor e de honestidade. Dilectos: podem crer que sei do que falo. E, às vezes, interrogo-me: até quando?"
Baptista Bastos in Jornal de Negócios

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sexta-feira, março 16, 2007

Felicidades alternativas ou "mais 30 planetas"

"Eu prefiro adquirir um novo amigo do que um novo carro".
Castoriadis

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terça-feira, março 06, 2007

"PORTUGAL E ESPANHA: OS BONS ALUNOS" e outros assuntos

Vejam só estas tácticas da OCDE:
(A propósito não sei se sabem que a nossa Maria de Lurdes esteve uns tempos a trabalhar em tão benemérita instituição.)
"PORTUGAL E ESPANHA: OS BONS ALUNOS

Pergunta-se então a organização: como fazer aceitar reformas do mercado de trabalho que corresponderiam aos interesses dos assalariados e dos desempregados mas que eles não querem? As recomendações feitas aos governos dos povos tumultuosos são sublinhadas a negro e a itálico no relatório: é preciso proceder a «reformas parciais: reformar marginalmente para pôr em aplicação ulteriores e mais profundas mudanças de política». A ofensiva tem pois de passar pelos flancos e minar os contrafortes mais frágeis do sistema salarial, reservando para um segundo assalto o “núcleo duro”: «Para se evitarem conflitos com os principais grupos de interesses, os governos, num primeiro tempo, podem introduzir reformas à margem do “núcleo duro” do mercado de trabalho, sem verdadeiramente tocarem nas estruturas institucionais de que beneficiam os trabalhadores. Isso tende a reforçar a dualidade do mercado de trabalho, permitindo depois obter progressivamente o apoio da opinião publica a reformas mais fundamentais das instituições e políticas do mercado de trabalho».
A organização dá o exemplo da Espanha e de Portugal, onde esta estratégia foi posta em prática com êxito. Em Portugal, em particular, foram liberalizados o trabalho temporário e os contratos de duração determinada, antes de serem alargados aos contratos de duração indeterminada os motivos válidos de despedimento e de ser abolida a autorização prévia dos despedimentos colectivos.
Essa batalha bem organizada, conclui a OCDE, «colocou provavelmente os trabalhadores titulares de um contrato permanente em posição de fraqueza para se oporem às reformas, na medida em que os trabalhadores temporários e desempregados eram relativamente numerosos». Nesta estratégia duma abordagem pelos flancos, visando romper a frente de combate através das linhas de menor resistência, é fácil perceber que o mais eficaz consiste em atacar primeiro os próprios desempregados."
Outros assuntos
"Tal como não é pelo facto de alguém estudar que se cria empregos qualificados, nem é por alguém se pôr à cata de cogumelos que eles vão crescer, nem é por alguém querer ficar apaixonado que surgem lindas raparigas ou belos mocetões (embora, neste caso...), também não é o facto de alguém se pôr à procura de emprego que cria emprego! “Deixemos os desempregados em paz!” deveria ser a única máxima respeitável quando o nível da procura efectiva e o apetite de acumulação dos empresários se mostram insuficientes para que se realize a esperança de toda a população encontrar trabalho.
A boa fé poderia mesmo levar a admitir, quando o emprego falta, e face ao amoralismo dos prelados defensores do trabalho penoso, que a racionalidade económica mais bem pensada exige que se proclame a instituição do desemprego voluntário. De facto, quando a penúria se instala, mais vale frustrar os que têm menos necessidade desse “bem” tão desejado. Desde há dois séculos, entregámos as chaves da casa à economia de empresa privada, para o bem e para o mal. Quando surge o mal (o “bem” aconteceu às vezes, quando o mundo capitalista desenvolvido era keynesiano-fordiano), a razão “liberal” no verdadeiro sentido da palavra exigiria que se moderasse ao máximo o duro esforço da colectividade, deixando os indivíduos “escolher” quem deve estar desempregado e quem deve ocupar um emprego. Não é precisamente esta a orientação que se está a esboçar...
Desde há muito tempo, os povos sabem que é graças ao produto dos seus impostos que são enviados para a guerra. A novidade radical agora surgida é que, ao financiarem a OCDE, eles erguem exércitos contra si mesmos."

Quem quiser ler o resto do artigo onde esta citação está contida, chamada "Os economistas em guerra contra os desempregados" sirva-se.

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Conselhos a um jovem

¿Qué diría a un joven que desee cambiar este sistema y no sepa por dónde empezar?
Primero que reflexione sobre los problemas del mundo (hambre, enfermedades, guerras, analfabetismo….) y si tienen o no tienen solución. Que mire su propia situación y la de tantos jóvenes en el empleo precario y sin moral, y luego que se comprometa.
Francisco Frutos

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segunda-feira, março 05, 2007

"A balcanização do ensino primário"

"Com efeito, quando o caminho das políticas educativas, no domínio do currículo e da formação de professores (como é o caso também dos novos padrões de formação estipulados para a reforma dos cursos de formação inicial de professores), passa a convergir com as opções veiculadas por ideólogos neo-conservadores que exibem com alarde as suas crenças educativas nos meios de comunicação, adensa-se mais a inquietação de muitos profissionais de educação, especialmente os da educação pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico, pela balcanização disciplinar que se agiganta, com todas as consequências culturais e políticas que revela."

Sérgio Niza
Professor do Instituto Superior de Psicologia Aplicada

Publicado no Jornal de Letras - Educação e retirada do blog Inquietações Pedagógicas.
Esta citação é um aperitivo para o texto completo que se pode encontrar aqui.

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terça-feira, fevereiro 27, 2007

A manchete que não o foi nos média: "DESIGUALDADE AUMENTA"

"O Eurostat acabou de publicar dados sobre a repartição dos rendimentos nos países da União Europeia. Esses dados já abrangem o 1º ano do governo de Sócrates, ou seja, 2005. E eles revelam que as desigualdades na repartição do rendimento nunca foram tão elevadas em Portugal e nunca aumentaram tanto num único ano como sucedeu neste 1º ano de governo PS.
Em 2005, em Portugal, os 20% da população com rendimentos mais elevados receberam 8,2 vezes mais rendimentos do que os 20% da população com rendimentos mais baixos, quando a média na União Europeia (25 países) era, nesse ano, de 4,9 vezes, ou seja, em Portugal a desigualdade neste campo era superior à média comunitária em 67,3%. Se se analisar a variação da desigualdade nos últimos dez anos conclui-se que é precisamente em Portugal o país onde ela mais cresceu. Entre 1995 e 2005, este indicador baixou na União Europeia dos 15 países mais antigos, onde Portugal se integra, de 5,1 para 4,8, enquanto em Portugal cresceu de 7,4 para 8,2. Mas é precisamente em 2005, com o governo de Sócrates, que as desigualdades neste campo aumentaram mais. Enquanto a nível da UE25 passou de 4,8 para 4,9, portanto agravou-se em 2%, em Portugal aumentou de 7,2 para 8,2, ou seja, registou um agravamento de 13,8%, isto é, 6,9 vezes mais que a média comunitária E tudo se verifica num País onde a riqueza criada por habitante é bastante inferior à média comunitária. Em 2006,por ex., o PIB por habitante SPA português correspondia apenas a 69,8% da média da UE25. A riqueza produzida é pouca em Portugal mas está cada vez mais mal repartida, o que torna a situação portuguesa ainda mais grave (interessa recordar que dois milhões de portugueses vivem actualmente ainda abaixo do limiar da pobreza)."
Eugénio Rosa
Não é triste para um governo socialista ver este aumentar da desigualdade na nossa sociedade?
Onde apareceu esta notícia como manchete? Não tinha essa dimensão?
Que reflexos tem este aumento da desigualdade a curto e médio prazo na Educação?
É dificil de medir em números, não é? Mas os problemas daqueles que estão cada vez mais no fundo da tabela vão repercutir-se nas escolas. Disso não tenho dúvidas.

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sábado, fevereiro 24, 2007

Palavras de Eduardo Galeano

Na era vitoriana, as calças não podiam ser mencionadas na presença de uma senhorita.

Hoje, não fica bem dizer certas coisas na presença da opinião pública. O capitalismo ostenta o nome artístico de economia de mercado, o imperialismo chama-se globalização.

As vítimas do imperialismo chamam-se países em vias de desenvolvimento, o que é como chamar de crianças aos anões.

O oportunismo chama-se pragmatismo, a traição chama-se realismo.

Os pobres chamam-se carentes, ou carenciados, ou pessoas de escassos recursos.

A expulsão das crianças pobres do sistema educativo é conhecida sob o nome de deserção escolar.

O direito do patrão a despedir o operário sem indemnização nem explicação chama-se flexibilização do mercado laboral.

A linguagem oficial reconhece os direitos das mulheres entre os direitos das minorias, como se a metade masculina da humanidade fosse a maioria.

Ao invés de ditadura militar, diz-se processo.

As torturas chamam-se pressões ilegais, ou também pressões físicas e psicológicas.

Quando os ladrões são de boa família, não são ladrões e sim cleptómanos.

O saqueio dos fundos públicos pelos políticos corruptos responde pelo nome de enriquecimento ilícito.

Chamam-se acidentes os crimes cometidos pelos automóveis.

Para dizer cegos, diz-se não visuais, um negro é um homem de cor.

Onde se diz longa e penosa enfermidade deve-se ler cancro ou SIDA.

Doença repentina significa enfarte, nunca se diz morte e sim desaparecimento físico.

Tão pouco são mortos os seres humanos aniquilados nas operações militares.

Os mortos em batalha são baixas, e as de civis que a acompanham são danos colaterais.

Em 1995, aquando das explosões nucleares da França no Pacífico Sul, o embaixador francês na Nova Zelândia declarou: "Não me agrada essa palavra bomba, não são bombas. São artefactos que explodem".

Chamam-se "Conviver" alguns dos bandos que assassinam pessoas na Colômbia, à sombra da protecção militar.

Dignidade era o nome de um dos campos de concentração da ditadura chilena e Liberdade a maior prisão da ditadura uruguaia.

Chama-se Paz e Justiça o grupo paramilitar que, em 1997, metralhou pelas costas quarenta e cinco camponeses, quase todos mulheres e crianças, no momento em que rezavam numa igreja da aldeia de Acteal, em Chiapas.

O medo global

Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.

Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.

Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.

Os automobilistas têm medo de caminhar e os peões têm medo de ser atropelados.

A democracia tem medo de recordar e a linguagem tem medo de dizer.

Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas.

É o tempo do medo.

Medo da mulher à violência do homem e medo do homem à mulher sem medo.


Este texto encontra-se em http://resistir.info/ .

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

"A escola da ignorância"

Eis aqui um excerto de um livro com o mesmo nome que, principalmente na primeira parte, me parece atingir plenamente o alvo das críticas que actualmente se devem fazer aos nossos sistemas educativos integrados nos nossos sistemas sociais.
Retirado do blog Quomodo.blogspot.com.

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"Hoje sou o único na minha turma"

Relato de um aluno iraquiano de onze anos. "Hoje sou o único na minha turma". Retirado do diário da net de informação alternativa Rebelión.org.

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segunda-feira, janeiro 08, 2007

BB ou uma forma assumida de carácter.

Baptista Bastos é um homem de convicções. Aprecio imenso a sua forma de dizer o que diz para além do conteúdo do dito. Não conheço ainda a sua obra como escritor, embora possua alguns dos seus livros. Conheço apenas alguns excelentes nacos de prosa seus nos jornais. É um exemplar de jornalismo que já não se usa.
Ao navegar na net encalhei com um conjunto de nacos que este homem produz regularmente para o Jornal de Negócios. Um oásis, - os seus textos - nesta propositada desertificação jornalística actual. Espero que saboreiem como eu o estou a fazer.

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terça-feira, dezembro 26, 2006

Contextos e história do ataque aos professores e à Educação Pública

Quem pensar que o que está neste momento a acontecer aos professores é algo descontextualizado está muito enganado. Embora em muitos aspectos assumindo caráter inusitadamente grave, o ataque aos professores e à Escola Pública é algo que desde há vários anos se vinha anunciando.
Com data de 2002, trago-lhes aqui um texto de um professor da universidade da Madeira (Carlos Fino), acerca do contexto formado pelo exército de reserva que são os professores desempregados e não só, na actual situação sócioprofissional dos professores portugueses.

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