sábado, abril 28, 2007

Falar com Desassombro.

Remeto os meus caros leitores para um texto de São José Almeida no Público de hoje, "Sobre a importância da greve geral", que poderão ler na totalidade no blog do Miguel Pinto. É um texto desassombrado e corajoso nos tempos que correm.
Alguns comentários deixo aqui:
-como é possível que alguns "sindicalistas", refiro-me à UGT e aos ditos sindicatos Independentes, considerem não estar reunidas as condições para uma greve geral em Portugal? Querem primeiro ver os trabalhadores completamente de joelhos ou de rastos?
-o único erro que vejo a CGTP cometer nesta situação é não ter, que eu saiba, formulado um convite formal de greve geral conjunta à UGT. Talvez já soubesse antecipadamente o que a casa gasta, mas pelo menos formalmente era aconselhável.
Este ano farei das comemorações do 1.º de Maio uma preparação para a greve geral de 30.
E nós professores, iremos aproveitá-la, ou passaremos ao lado com os argumentos do costume?

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6 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Espero bem que não passemos ao lado. Da UGT nada me espanta ... Há que passar a ideia.
Um abraço,

4:52 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Mas que outra coisa se esperava da UGT? Dirão que a greve é promovida pelos comunistas (eia! com tanta gente descontente, eu não sabia que havia tantos "comunistas"!), mas ninguém falará da "cor" dos sindicatos que não a consideram oportuna, como também ninguém falará dos trabalhadores em situação precária que têm medo de fazer greve - sim, medo, essa é há bastante tempo uma realidade neste país dito livre e democrático.
Já não tenho trabalho para poder fazer greve, mas também vejo razão especial para participar no 1º de Maio. E já mandei o texto de São José Almeida que o Miguel Pinto colocou a vários contactos por e-mail, o texto merece de facto ser divulgado.

5:17 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Na qualidade de delegado eleito nas escolas onde exerço actividade sindical, participei activa e empenhadamente no congresso da FENPROF. Tendo já em currículo vários destes conclaves, que sempre primaram pelo unanimismo de intentos e hegemonia de posições salpicado por pontuais intervenções de discórdia protagonizadas por militantes da contrariedade ou por pertinentes interpelações de delegados menos alinhados, e que já me tinha habituado a perceber que estas cerimoniosas assembleias serviam para formalizar a legitimidade da acção sindical e para euforicamente entronizar figuras, rapidamente entrevi que este congresso seria "mais igual do que os outros".

A contenda de duas listas para os órgãos nacionais, a altercação de convicções em blogues e plenários, as disputadas transferências de sonantes "jogadores" dos sindicatos e o confronto de projectos distintos de politica sindical, serviam de barómetro de análise ao desenrolar do processo. Tudo isto seria democraticamente salutar não fora a falta de lisura de carácter de alguns dos principais personagens deste intricado filme; não fora a falta de civilidade no trato e na apreciação dos diferentes pontos de vista; não fora a falta de honestidade intelectual ao recorrer ao boato e à difamação em total desrespeito pela amizade pessoal, pela vivência profissional e pela resistência sindical.
Não pondo nunca em dúvida que ambas as listas rejeitam liminarmente as imposições da actual equipa ministerial, reformas essas que têm por alvo dividir a classe para reinar no sistema, dissolver a escola pública para enobrecer a privada, romper o contrato colectivo social para instituir a selvajaria da contratação individualizada e que têm o firme propósito de não ter propósitos para a melhoria da educação no nosso país pautando a reorganização por um conjunto de medidas circunstanciais sem coerência entre propostas, objectivos e articulações.

Não pondo em dúvida que ambas as resoluções sobre a acção reivindicativa, que inclusive aprovam o mesmo plano de acção, têm por intento combater as politicas neoliberais para a educação, contestar veemente a injunção do actual ECD, contrariar a desvalorização do papel dos professores e da sua autonomia de intervenção profissional.

Também não ponho a menor dúvida que estamos perante dois projecto político-sindicais distintos, tanto na concepção do programa quanto no conceito de sociedade e perspectivas de intervenção e acção.

Por isso este foi um congresso de opções. Eu fiz a minha.

Usando como alusão a palavra de ordem do encontro Dar Mesmo Prioridade à Educação, eu optei em função da educação, da escola e da profissão em detrimento de interesses estratégico-partidários; em função do património de luta sindical em nome de um colectivo em detrimento de emergências de liderança personalizada em figuras idolatradas; em função de um sindicalismo combativo, propositivo e de afirmação de valores de um desígnio verdadeiramente socialista em detrimento de uma prática dogmática de resistência imobilista; em função da garantia de autonomia e pluralidade de opinião e acção em detrimento de uma calendarização de lutas politico - ideológicas de subordinação; em função da visão abrangente de uma sociedade moderna que reconhece o papel e a dignificação profissional e social dos professores em detrimento de uma visão redutora de corporativismo laboral.

Na verdade, nós professores, temos que ter um olhar criteriosamente crítico sobre a educação desempenhando um papel reflexivo e de auto-confrontação com a escola, o meio e a sociedade. Temos por dever profissional de ser agentes interventivos e inovadores e assumir a responsabilidade de centrar a escola na simbiose sinergética de conhecimento / aprendizagem e formação / educação. E temos que exigir que os nossos sindicatos desenvolvam um sindicalismo unido pela diversidade do debate democrático de opiniões, de dinamização colectiva pelo incremento a diferentes práticas e pela envolvência dos diferentes movimentos, de transformação da sociedade pela aplicação de métodos e meios de acção que não se limitam a ser reactivos mas que prospectivem um novo paradigma assente nos valores de referência das nossas lutas. Junte-se à contestação a proposição da coerência contextual do exercício da profissão na actualidade. Somente resistir pode significar o abdicar da participação ou até o aceitar da resignação. "Não basta coser o retalho é preciso compor a manta"

Infelizmente, na minha perspectiva, não foi este o projecto vencedor do congresso. Lamentavelmente, na minha percepção, perdemos uma preciosa oportunidade de quebrar rotinas, mudar atitudes e alterar práticas sindicais. E tão ou mais grave do que esta privação, foi perceber que quando seria imprescindível uma maior independência e isenção politico-partidária como factor de maturidade e credibilidade da acção sindical, aconteceu precisamente o inverso. Fazendo jus à tradição "controleirista" dos extintos PC`s europeus, o PC nacional, aferrolhado numa concha cada vez mais arrolhada, exibiu os seus exímios meios de vistoria, gerência e inculcação no movimento sindical.

Fazendo uma "curta" do sucedido em congresso, vemos que logo no primeiro dia tudo ficou sob controlo, ao fazer-se aprovar uma habilidosa proposta de engenharia estatutária apresentada pelo embuste da democracia na composição e pela abertura na opinião, quando efectivamente pretendia precaver atropelos da votação e garantir maioria no órgão de decisão. No segundo dia assistimos a uma instrumentalizada acção de propaganda através do preparado apelo ao voto nas intervenções em plenário, do contacto pessoal e telefónico para relembrar o intuito do propalado e o posicionamento estratégico dos membros da confidencialidade e da conivência nos apropriados espaços de convivência. No último dia, a apoteose do esperado e devidamente prevenido numa espécie de consagração fatal com ardilosos requintes de invocação à unidade. E durante os três dias pairou uma nuvem oculta, como que uma mão celestial que dirige por controlo remoto a batuta do plenário. Pode-se pensar que este comentário é devaneio interjectivo ou até que não passa de caluniosa insinuação. Mas, não querendo fazer juízos de valor sobre a valorização que possa despertar, quero asseverar por convicção e não pela convenção, que esta é a estratégia orquestrada pelo enclausurado PC para segurar o bastião do movimento sindical dos professores. O secretariado da FENPROF ficou agrilhoado, segue-se a investida pelo controlo do SPN para irromper na acometida ambição de reaver o SPGL.

Este Congresso teve, para mim, o efeito prático da constatação desta realidade com a evidência dos factos ocorridos. E nem sempre o que é evidente, mente!!

José Maria Cardoso - Sec. Alcaides de Faria / Barcelos, Sócio nº 19918 - SPN

5:22 da tarde  
Blogger Maria Lisboa disse...

Não devemos ter estado no mesmo Congresso!

9:22 da tarde  
Blogger henrique santos disse...

Caro José Cardoso
eu não estive no congresso da Fenprof, infelizmente. Sou o sócio 8492 da Fenprof. Já andei muito por dentro do SPN e da Fenprof. Sei do que as casas gastam. Gosto muito da Manuela. Preferi e prefiro o Mário para SG. Não sou dado minimamente a cultos de personalidade. Já perdi a ingenuidade há algum tempo. Os problemas da Fenprof e do SPN estão muito longe de serem problemas de interferência partidária. São-no de outra ordem. Estou plenamente convenciado disso. Obrigado por ter exposto o seu pensamento de forma tão expressiva ainda que discorde do que diz. Até uma próxima oportunidade.

6:06 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Ehehehe ... adoro alguns professores! Neste caso, refiro-me à Maria e ao Henrique, que apesar de não conhecer pessoalmente, tenho grande respeito. E depois, são assombrosos a escrever :)
Boa semana para todos!

11:10 da tarde  

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