terça-feira, maio 08, 2007

Esquerda e Direita

Ontem houve mais uma emissão do programa Prós e Contras que tantas vezes é Prós e Prós. Discutia-se, apregoou-se, a esquerda e a direita. Estavam lá o Adriano Moreira do CDS, o Paulo Rangel do PSD, o Mário Soares do PS e o Miguel Portas do Bloco de Esquerda. Para discutir a esquerda e a direita faltava, pelo menos e indiscutivelmente em Portugal, uma pessoa ligada ao PCP. A sua exclusão foi vergonhosa mas não imprevisível.
Há algum tempo o PSD chegou a queixar-se de ser excluído dos debates que a inefável jornalista de seu nome Fátima Campos Ferreira promove. Agora e como não podia deixar de acontecer os comunistas protestaram indignados, indo ao ponto de convocarem manifestações. Para mais, foi "engraçado" ver (e eu não consegui ver o debate morno que aconteceu, todo) o Mário Soares a criticar pelo menos duas vezes os comunistas que lá não estavam. Não o vi referir nada sobre a ausência nem a nenhum dos outros presentes.
Duas questões ouvidas na boca do Paulo Rangel recordo aqui. Disse ele: tanto a esquerda como a direita têm uma ideia do Bem Comum e a esquerda não tem nenhuma superioridade moral em relação à direita. Eu até acredito que o Paulo Rangel e outros homens de direita tenham essa noção de uma forma convicta. Só penso que realmente se há uma coisa que distinga a esquerda que é esquerda da direita que é direita é, realmente, lutar pelo Bem Comum alargado a todos e não só a alguns e que esse facto dá uma inegável superioridade a essa esquerda em relação à direita que sempre tentou conservar os interesses de bem poucos. Só que, de facto, como os representantes da esquerda que nos apresentam, designadamente aqueles que caucionam os governos ditos de esquerda, dão uma imagem tão pálida da esquerda, que fica bem esbatida a fronteira entre esquerda e direita no nosso país e no mundo. E essa imagem esbatida e distorcida interessa bastante, no fim de contas à direita. É que não basta dizer-se de esquerda, é preciso ser-se e fazer-se políticas de esquerda.

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quinta-feira, maio 03, 2007

Declarações lamentáveis.

Reparem nestas declarações da sinistra da Educação:
"Interpelada sobre o desemprego de licenciados, a ministra reduziu esses casos a "dramatismos individuais". "O desemprego de diplomados é menor e dura menos tempo".
Na esteira das declarações do Valter Lemos a respeito das agressões a professores em que ele dizia que uma média de duas agressões por dia se "diluíam" bem, aparece agora a senhora a falar, ou antes, a dizer esta barbaridade. Tal como alguém dizia que estas as agressões deviam diluir-se no lombo de alguém que diz tal barbaridade também esta senhora merecia experimentar a situação de desemprego e precariedade de longa duração como provam os milhares de professores nesta situação, fruto também de decisões da sua responsabilidade.
Até quando esta senhora poderá continuar a dizer estas barbaridades impunemente? É que ela ocupa um cargo de Estado.
Esta declaração encontra-se aqui, nesta notícia, a propósito do programa de novas oportunidades.

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terça-feira, maio 01, 2007

Não há pachorra.

Vem talvez um pouco tarde mas mais vale tarde...
Então não é que o nosso presidente que nunca deve ter comemorado devidamente o 25 de Abril vem agora dar bitaites sobre a rotinização das comemorações deste. E logo no dia da Liberdade de 2007 que ganhou toda uma actualidade pelo autoritarismo manifesto da nossa governação apadrinhada por Cavaco.
Ainda bem que Cavaco não discursa neste 1.º de Maio, de tempos neoliberais com fachada socialista, senão dizia que estas comemorações datadas de mais de 100 anos estão a cair de velhas.
É caso para dizer: o senhor presidente não tem moral para nos dizer a nós, que gostamos e vibramos com estas datas, como as devemos comemorar. Fale de outras datas que lhe digam alguma coisa. É que connosco a cooperação estratégica ou lá como lhe chamou é manifestamente impossível.

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segunda-feira, abril 30, 2007

John "Vitinha" Locke

Eis aqui o inspirador do nosso eterno presidente do Banco de Portugal, Lord Victor Constante, perdão, doutor Vitor Constâncio. Ainda há quem diga mal do nosso Vitinha. Vejam este seu antepassado inglês, numa citação de Istvan Meszaros, que podem ler aqui.
"No tempo em que John Locke escrevia, havia uma maior procura de pessoas empregáveis lucrativamente do que no tempo de Henrique VIII, mesmo que ainda muito distante do que veio a suceder durante a revolução industrial. Portanto a "população excedentária" em diminuição significativa não teve de ser fisicamente eliminada como anteriormente. Todavia, tinha de ser tratada de uma forma mais autoritária, racionalizando-se ao mesmo tempo a brutalidade e a desumanidade recomendadas em nome de uma alta e bombástica moralidade. Deste modo, nas últimas décadas do século XVII, em conformidade com o ponto de vista capitalista da economia política da época, o grande ídolo do liberalismo moderno, John Locke – um latifundiário absenteísta em Somersetshire bem como o responsável do governo mais generosamente pago – pregava a mesma "infantilidade insípida", tal como descrita por Marx. Locke insistiu em que a causa para "O crescimento dos pobres… não pode ser nada mais do que o relaxamento da disciplina e a corrupção dos hábitos; estando a virtude e a indústria como companheiros constantes de um lado assim como o vício e a ociosidade estão do outro. Portanto, o primeiro passo no sentido de colocar os pobres no trabalho… deve ser a restrição da sua libertinagem através de uma execução estrita das leis contra ela existentes [por Henrique VIII e outros]. [13] Recebendo anualmente a remuneração quase astronómica de cerca de £1,500 pelos seus serviços ao governo (como Comissário no Board of Trade, um dos seus vários cargos), Locke não hesitou em louvar a perspectiva de os pobres ganharem "um centavo por dia" [14] (a penny per diem), ou seja, uma soma aproximadamente 1.000 vezes inferior ao seu próprio vencimento em apenas um dos seus cargos governamentais. Não surpreendentemente, portanto, "O valor dos seus bens quando faleceu – quase £20,000, das quais £12,000 eram em dinheiro – era comparável ao de um comerciante próspero de Londres". [15] Um grande feito para uma pessoa cuja principal fonte de receitas era ordenhar – confessadamente de bom grado – o Estado!
Além disso, sendo um verdadeiro cavalheiro, com um muito elevado interesse a proteger, ele também queria regular os movimentos dos pobres através da medida perversa dos passes, propondo que: "Todos os homens a mendigar nos municípios marítimos sem passes, que sejam aleijados ou tenham mais que 50 anos de idade, e todos os de qualquer idade também mendigando sem passes nos municípios do interior sem qualquer orla marítima, devem ser enviados para uma casa de correcção próxima, para aí serem mantidos em trabalhos pesados durante três anos". [16] E enquanto as leis brutais de Henrique VIII e de Eduardo VI pretendiam cortar apenas " metade da orelha" dos criminosos reincidentes, o nosso grande filósofo liberal e responsável do Estado – uma das figuras dominantes do Iluminismo inglês – sugeriu uma melhoria de tais leis ao recomendar solenemente a perda de ambas as orelhas, a ser administrada àqueles que cometessem um crime pela primeira vez. [17]
Ao mesmo tempo, no seu Memorandum on the Reform of the Poor Law, Locke também propôs a instituição de casas de trabalho para os filhos dos pobres ainda de tenra idade, argumentando que: "Os filhos das pessoas trabalhadoras são um fardo comum para a paróquia, e habitualmente são mantidas na ociosidade, de forma que o seu trabalho também é geralmente perdido para o público até que eles atinjam doze ou catorze anos de idade. O remédio mais eficaz para isto que somos capazes de conceber, e o qual deste modo humildemente propomos, é o de que, na acima mencionada lei a ser decretada, seja além disso determinado que se criem escolas de trabalho em todas as paróquias, às quais os filhos de todos tal como exige o alívio da paróquia, acima dos três e abaixo dos catorze anos de idade … devem ser obrigados a ir". [18]
Não sendo ele próprio um homem religioso, a principal preocupação de Locke era combinar disciplina de trabalho severa e doutrinação religiosa com a máxima frugalidade financeira municipal e estatal. Ele argumentava que "Também outra vantagem de levar as crianças a uma escola prática é que desta forma elas podem ser obrigadas a ir à igreja todos os domingos, juntamente com os seus professores ou professoras, na qual podem ser levados a ter algum sentido de religião; ao passo que agora, de forma geral, no seu ócio e na sua educação descontraída, eles são totalmente estranhos tanto à religião e à moralidade como o são para a indústria ". [19]
Obviamente, então, as medidas que tinham de ser aplicadas aos "trabalhadores pobres" eram radicalmente diferentes daquelas que os "homens da razão" consideravam adequadas para si próprios. No final tudo se reduzia a relações de poder nuas, impostas com extrema brutalidade e violência no decurso dos primeiros desenvolvimentos capitalistas, desprezando a forma como eram racionalizadas nos "delicados anais da economia política", nas palavras de Marx."
Como as estórias da História se parecem!
Este excerto foi retirado do texto do autor citado "A Educação para além do Capital" que constitui uma pedrada no charco das visões idílicas sobre as pretensas virtudes da Educação fora das circunstâncias gerais que a condicionam.

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sexta-feira, abril 20, 2007

A nova "Brigada do reumático".

Hoje, na TV vi um acontecimento que me fez relembrar a "Brigada do reumático".
Para os mais jovens ou menos recordados evoco a célebre cerimónia em que os generais e brigadeiros das forças armadas portuguesas foram prestar vassalagem ao presidente, almirante Américo Tomás. Outros eram os tempos, outros eram os motivos. Recordo que, pouco tempo depois, as patentes inferiores das forças armadas derrubaram o regime.
Agora, outra brigada do reumático foi prestar vassalagem ao jovem Sócrates que recebeu com expressão emocionada e mediaticamente encenada o apoio.
Se vejo semelhanças, vislumbro grandes diferenças. O primeiro acontecimento foi submergido pelo fenómeno democrático do 25 de Abril que permitiu liberdades cívicas ao povo e prometeu direitos às camadas populares. Neste segundo acontecimento, augura-se que o homenageado permaneça ao leme do governo ou - remota e em nada nova hipótese - seja substítuido pelos mesmos do costume. Há 33 anos o poder estava a cair de velho. Neste momento, os intérpretes dão-lhe uma aparência de novo.
Há quem diga que a história se repete, umas vezes na versão de tragédia outras na de farsa, ou vice-versa. Eu, nestes dois episódios só vislumbro farsa. Mais evidente no primeiro. Mais caricata no segundo.

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sábado, março 31, 2007

Sem governos não haveria défices, só superávites.

Reparem nesta parte de notícia:
"O TC analisou as despesas, as contratações e a gestão de 205 gabinetes (entre Ministérios e Secretarias de Estado), dos Governos de Durão Barroso (2003), Santana Lopes (2004) e José Sócrates (2005).
A despesa global movimentada ascende a 12,8 mil milhões de euros – o equivalente a dois défices públicos ou a quatro aeroportos como a Ota."

Como é que estes sacanórios podem resolver o problema? ELES SÃO O PROBLEMA.

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sexta-feira, março 30, 2007

Obscurantismo TGV

O papa que guia neste momento os destinos do Vaticano está a envidar esforços para conseguir em tempo recorde tornar santo o papa anterior, João Paulo II. Atribuem-lhe dois "milagres" de cura de doentes: uma freira com Parkhinson e um doente de leucemia.
Como é possível em pleno século XXI chegar-se a este exemplo de obscurantismo?
Obscurantismo esse que cobriu com um pesado manto de silêncio o curtíssimo "reinado" de João Paulo I, papa que tinha ideias arejadas e que poderia trazer ao mundo e aos pobres em especial outros caminhos. Papa que, lembremos, queria limpar a corrupção imensa e os negócios escuros que se praticam sob o manto da Santa Sé. Morreu sem se saber como e como o corpo dos papas é inviolável não houve autópsia que pudesse revelar as causas dessa morte conveniente.

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sexta-feira, março 16, 2007

Que bicho lhes mordeu?

Acabei de ler o "Público". Em vários sítios do jornal deparo com várias bicadas no nosso homem do leme. Ele é no humor do inimigo público, ele é noutros locais, ele é no próprio editorial do director de pedra e cal resistente aos despedimentos recentes, J. M. Fernandes.
Que bicho terá mordido estes tipos, pergunto eu ingenuamente, meio atordoado por uma semana de trabalho bem recheada? Nada que um abanão ao neurónio adormecido não resolvesse: foi a OPA, murcão, foi o fracasso da OPA. É que há públicos que são eufemismos bem rasteiros para "a voz do dono".

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segunda-feira, março 05, 2007

Se a hipocrisia matasse...

Se a hipocrisia matasse a ministra da Educação seria imediatamente fulminada. Depois de dois anos a minar a credibilidade dos docentes e a denegrir a sua imagem tornando-os alvos fáceis da ira dos menos esclarecidos, vem agora tomar medidas, branqueando a sua responsabilidade moral na situação actual de violência para com os professores.
Há dias, uma informação estatística relevante comparava o número de agressões a docentes em Portugal e em Inglaterra: a inglaterra com três vezes mais professores do que Portugal, teve no ano passado duas vezes menos agressões a professores. Para aqueles que gostam de retirar conclusões fáceis de dados estatísticos, tal comparação seria demolidora. Mas quanto a isso nada diz a senhora que tanto gosta de números quando eles podem ser usados como arma de arremesso contra os professores portugueses.
Leiam estas pérolas de hipocrisia da senhora no "público" de hoje:
"A ministra da Educação quer reforçar a autoridade das escolas e dos professores. Por isso, anuncia que já está em curso a revisão do Estatuto do Aluno. É o que defende Maria de Lurdes Rodrigues num artigo de opinião hoje publicado no jornal Público.
SIC
A indisciplina e a violência nas escolas há muito que preocupam docentes, alunos e famílias. Só o ano passado, registaram-se 390 casos de agressão física a professores, segundo os dados oficiais. Mas muitos há que não chegam sequer a ser contabilizados. A perspectiva de processos intermináveis dá, muitas vezes, a vitória à impunidade.
Maria de Lurdes Rodrigues considera, por isso, que é preciso "desburocractizar os procedimentos associados à gestão da indisciplina que são excessivamente codificados e desvalorizadores da autoridade do professor, comprometendo a eficiência educativa".
Nesse sentido já está a ser revisto o Estatuto do Aluno para "reforçar a autoridade dos órgãos de gestão das escolas e dos professores na tomada de medidas disciplinares de carácter educativo".
No artigo de opinião publicado hoje no jornal Público, a responsável pela pasta da Educação reconhece que "o problema da indisciplina e da incivilidade compromete a qualidade da relação pedagógica entre professores e alunos e impede o desenvolvimento do trabalho e do estudo".
Ainda no caminho da responsabilização, Maria de Lurdes Rodrigues afirma que será também "reforçada a responsabilidade das famílias pela assiduidade e participação efectiva dos alunos na escolaridade obrigatória".
Neste contexto defende ainda a necessidade de diferenciar violência e indisciplina para aumentar a eficácia da intervenção e garantir meios de defesa da escola, dos professores e dos alunos."

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domingo, março 04, 2007

Um neoliberal na Educação na "Travessa do fala só".

Jeb Bush esteve cá a participar numa iniciativa da Calouste Gulbenkian sobre Educação. Ler notícia aqui. Apresentou um conjunto de receitas tipicas do neoliberalismo para a educação que diz ter aplicado com resultados excelentes no estado da Flórida onde foi governador. O tal estado onde através de fraudes em larga escala o seu irmão conseguiu vencer as primeiras eleições para a presidência dos EUA e que "catapultaram" o seu país para uma "república das bananas" não fosse a memória histórica e a análise política no ocidente algo em vias de extinção.
Dizia então eu que o senhor apresentou, pelos vistos sem questionamentos, as suas receitas, em geral tipicas do neoliberalismo: competição entre escolas, rankings, prémios para as melhores escolas, concorrência publico-privado, privatização, escolha de escolas pelos pais, generalização de de exames entre o 3.º e o 12.º ano, mais reprovações, melhores salários para os professores com melhores resultados. Disse que as escolas piores melhoraram, afirmando esta pérola de quadratura do círculo estatístico: “Em oito anos, o número de escolas com as duas melhores classificações quadruplicou e o número de escolas com os piores resultados diminuiu 80 por cento”, pelos vistos sem que ninguém o questionasse.
Caros eventuais leitores deste post: depois de lerem a notícia que perguntas gostariam de fazer a este senhor? Eu gostaria de fazer várias e saber o que ele tinha para me responder.

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segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Coincidência? Não acredito.

A propósito das próximas eleições para a presidência da republica francesa, a candidata do partido socialista francês Ségolene Royal prometeu aumentar o orçamento da educação, designadamente, repor a parte que os actuais governantes de direita cortaram e estão a cortar. São promessas e lá, como cá, todos nós sabemos como as promessas dos políticos de turno no poder não valem nada.
Lá, os actuais governantes de direita, reprovaram ao seu sistema educativo (utilizaram como argumento) o facto de o dinheiro nele "investido" não se ver traduzido em resultados alcançados nem maior equidade (reparem na semelhança com os argumentos da ministra portuguesa). Vai daí e à conclusão teórica seguiu-se a prática dos cortes substanciais nos orçamentos. Cortes nos salários dos professores, que têm perdido poder de compra nos últimos anos na ordem dos dois digitos; cortes nos lugares de professores; congelamento nas progressões nas carreiras, etc. Ainda relativamente aos professores, quem tiver lido nos últimos anos as "opiniões" dos governantes e dos "opinadores" franceses. (tanto do PS como da direita) notou as críticas ao absentismo docente, à malandrice dos mesmos...
Lá em França como cá, em Portugal, o que se passa é uma ofensiva neoliberal, levada a cabo pelos políticos tanto da direita assumida como da direita disfarçada, e que estão a reorganizar o Estado no sentido dos ditames neoliberais: menos estado social, mais privatizações, desregulamentação laboral, etc.
O que se passa de mal com a Educação e com os professores é o facto de serem tradicionalmente públicas e terem interiorizado uma cultura de educação como direito. Por isso, para que a educação saia da esfera dos direitos concedidos pelo estado; para que ela seja vista como uma mercadoria como qualquer outra, cujo consumo seja feito em função do poder de compra dos individuos; para que essa mercadoria passe a ser oferecida numa espécie de mercado com indicadores de concorrência; dois alvos são a abater: a Educação Pública e os Professores com cultura de Educação Pública. Tal faz-se com o arsenal de meios que temos visto: aqui, em França e noutros países bem mais avançados nessa escalada de destruição da Educação como Direito Social.

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quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Aberração a instituir-se.

Sobre a aberração do novo "concurso" a professor titular sugiro a leitura do post da Isabel no "Memórias soltas de professor" e também do post do Paulo Guinote no "Educação do meu umbigo".

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

A educação da mentira.

Acabei de ouvir a ministra que temos no ministério da Educação a dizer que não houve nenhuma irregularidade no último concurso nacional de professores (não tinha sido a última vez a dizer tal mentira).
Que fazer quando uma pessoa com as responsabilidades desta senhora mente desta forma tão despudorada?

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sexta-feira, janeiro 19, 2007

"Praça de jorna"

A forma como o ministério da Educação trata os professores contratados é, para mim, revoltante:
-directamente, ao criar um calvário desnecessário e injusto para os próprios professores ao prescindir de concursos uniformes e nacionais. Porquê optar por formas de contratação que preconizam uma relação particularista em relação a cada uma das escolas, que obrigam os professores a andar a apresentar currículos casuisticamente, submetendo-se a critérios díspares e estando em última circunstância dependentes de "vontades subjectivas"? (Eu sei algumas das possiveis respostas que estiveram por trás dessa decisão);
-indirectamente, por exemplo, ao criar o caldo de exploração laboral que se tem visto com professores em saldo (contratados pelas câmaras ou por empresas) a trabalhar nas ditas actividades de enriquecimento curricular no 1.º ciclo.
Aproveitando o facto de haver milhares de professores actualmente no desemprego, (facto que os governos, incluindo este, contribuiram largamente para criar) este governo está a desvalorizar objectivamente a níveis nunca vistos a profissão de professor e a configurar a montante uma profissão precária, mal paga, explorada, de gente que "mendiga" humilhantemente pelas escolas e empresas de "serviços educativos"colocações, e que se verá bastante inclinada a recorrer, sempre que possível à "instituição" da cunha. A qualidade de ensino, as pessoas e as suas qualidades de cooperação nas escolas irão sofrer efeitos e não serão decerto num sentido positivo.
Tudo isto me faz lembrar as praças de jorna imortalizadas num pequeno texto do Soeiro Pereira Gomes.

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terça-feira, janeiro 16, 2007

Perfil borratado.

O ministério da Educação continua a sua saga de destruição do ensino público. Agora anuncia medidas a entrarem em vigor daqui a seis anos, alterando o "perfil" do professor a exercer no 2.º ciclo. Depois de rebaixarem o estatuto sócio-profissional dos professores vão rebaixar e descaracterizar completamente a formação de uma parcela significativa dos seus membros. Revejo-me na opinião da Fenprof que pode ser lida aqui.
Nunca foi tão urgente parar alguém no seio da 5 de Outubro.

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domingo, janeiro 14, 2007

Don Cavaco de La Mancha

O senhor presidente Cavaco Silva "quer globalização domada se der mais poder aos poderosos". E ainda há quem, como eu, considere que esta personagem não se situa no Centro-Esquerda do espectro político.
Pelos vistos o seu discurso revelou uma candura neoliberal insuspeita. Depois duma retórica interna sobre a inclusão, Cavaco Silva surpreende-nos agora com uma afirmação acerca das preocupações humanistas de luta contra a pobreza do Banco Mundial. Como diz na notícia os aspectos positivos da globalização superam os riscos ou os aspectos negativos.
Depois das acusações de "colonialismo" que, salvo erro" ouvi referir por parte duns contestatários ao doutoramento honoris causa (em literatura, deixem-me gargalhar, por favor) em Goa, o nosso presidente talvez tenha dado o flanco aos sempre incómodos anti-globalização. Pelo que sei a permanência de Cavaco na India durará vários dias. Ainda o incomodam mais agora, acusando-o de neoliberal, coisa que o nosso Social-Democrata não é de certeza!!!
Bem. acho que vou encerrar este post que mais parece uma posta de pescada ou um bolinho de bacalhau.
PS. Porque será que me deu uma vontade incrível de reler o magnífico livro "O ano da morte de Ricardo Reis" do Saramago? Há coisas que até alguém com memória de apenas 20 anitos facilmente reconhece.

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