Saber dizer Não
Lembro-me que aqui há uns anos no longo consulado do PSD no Ministério da Educação, a propósito dos diplomas que regiam a avaliação dos alunos, houve mexidas constantes que surgiam já depois dos anos lectivos terem começado. Os professores e os alunos começavam os anos lectivos tendo que respeitar e programar o ano segundo determinadas leis e, já depois do ano começado, apareciam novos diplomas que traziam novas regras para a avaliação.
Eu e todos os professores de bom senso achávamos estas iniciativas legislativas retroactivas um perfeito disparate e desrespeito por todos, a começar pelos alunos.
Actualmente o mesmo se passa a uma escala ampliada: os professores vêem o seu passado avaliado segundo critérios criados ad hoc com efeitos retroactivos que desconheciam há um ano atrás; os alunos, já o ano começado vão reger-se por um novo estatuto do aluno; a nova avaliação dos professores vai valer já para este ano que já começou há mês e meio, baseado num diploma que só agora sai. Isto é o mais puro desrespeito por qualquer norma de direito e pelo simples bom senso.
Só que o que se verá da parte dos professores, da sua grande maioria, é o cumprir e calar. Como é triste o estado a que isto chegou.
Perante isto no entanto não há que desanimar. Todos aqueles que sabem que as coisas não se mudam por críticas de corredor têm o dever de lutar: denunciar o estado a que isto chegou; apresentar alternativas; resistir às medidas absurdas ou negativas que estão a ser tomadas; participar nas decisões sobre as formas de protesto a fazer e depois participar nelas convicta e empenhadamente.
A gente que desmanda na Educação e na Política em Portugal sabe que só com o silêncio e o consentimento pode continuar a fazer o que quer. Saber dizer Não com pensamentos, palavras e acção é a nossa obrigação.