domingo, outubro 22, 2006

Recado aos pais.

Este recado dirige-se à grande maioria dos pais, nos quais me incluo, que se aflige com a preparação dos seus filhos para um mundo onde é difícil viver e, tantas vezes, sobreviver.
Antes de nos preocuparmos com a preparação para o mundo, tentemos, na medida das nossas possibilidades, torná-lo melhor:
-não deixando impunemente de denunciar e recusar a ditadura dos interesses económicos mais brutais que fazem do mundo seu pasto, os quais não olham a meios para atingir os seus fins, mesmo se estes passam por condenar largas centenas de milhões de pessoas à pobreza, à fome, à incultura ou mesmo a guerras inumanas;
-não nos deixando enganar com os cantos de sereia que hiperbolizam as deficiências da preparação para a vida ou para o emprego, remetendo para a sombra, quanto a nossa sociedade cada vez condena mais jovens e menos jovens ao desemprego, a vidas sem dignidade.
Há poucos pais no mundo que possam dar-se por satisfeitos por este mundo, tal como ele está. Para esses, conservar este estado das coisas e dizer que nos temos de conformar com "as leis de mercado da economia mundial, da globalização e da competitividade" é sem dúvida natural.
E para ti pai, que ganhas a vida trabalhando, com um vencimento apertado, sentindo a insegurança permanente no trabalho mesmo quando és "efectivo", descartado ao fim de dezenas de anos; sim, para ti, este mundo serve? E serve para os teus filhos?

5 Comentários:

Blogger Miguel Quintão disse...

Só justifico este Post citando o Professor Vital Moreira, no “ Causa Nossa” como aliás escrevi no ultimo Post do meu Blog “ Como é que se pode implementar uma reforma "com os interessados", se a única coisa que os interessados querem é justamente manter o "status quo"!? É evidente que as mudanças que implicam perda de regalias ou privilégios só se podem fazer contra os interessados...”

2:28 da tarde  
Blogger Hencal disse...

Chama-se isto, tentar arranjar apoios
Como se eles alguma vez se tivessem preocupado com a situação profissional dos pais do alunos.
Quantos alunos chegam à escola cansados dos problemas familiares (fome, desemprego, os pais terem de trabalhar de sol a sol para conseguirem viver) e se manifestam agressivamente no seu comportamento, por já não suportarem as faltas das suas vidas. E a única coisa que os professores fazem é puni-los sem os tentarem compreender.
E agora vem com esse choradinho! Tenha vergonha! Não goze com a vida daqueles que realmente têm dificuldades, e tem de pagar para o despesismo do estado, que suporta gente que à medida que sobe na carreira vai trabalhando menos.
Pergunto-lhe será que a enfermagem não é uma profissão desgastante? E eles trabalham menos à medida que vão subindo na carreira?
Chegam todos ao topo da carreira?
Não venha com este choradinho para cima daqueles que efectivamente não contribuem para as despesas, mas têm que as pagar, para vocês se alimentarem à grande com muito dinheiro e pouco trabalho

2:49 da tarde  
Blogger henrique santos disse...

Sejam muito bem vindos, meus, aparentemente, homónimos. Este post tocou-vos, bem vejo. Mas não era para vocês, que estão de bem com o tal "estado das coisas". Era para os vossos "subordinados", meus caros autodenominados líderes natos.
Apareçam sempre.

6:56 da tarde  
Blogger Miguel Pinto disse...

Henrique
A agência da propaganda não passa despercebida na blogosfera. O problema para estes mercenários é que aqui não há espaço para a manipulação. O sapm político terá de bater a outras portas... ;-))

8:27 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Henrique, tem toda a razão. Isto não está bom para pôr crianças no mundo.
Este(a) sr(a). hencal destila ódio ao professorado mas, na verdade, não deve fazer ideia do papel de assistente social e psicólogo que os professores desempenham - que normalmente até percebem que as crianças têm problemas muito antes das famílias e dos hencals desta vida(regra geral, os problemas prendem-se com os abandonos a que os pais os sujeitam). Pois, descanse sr. hencal, que os professores estão bastante cientes da causa da "indisciplina" e dos problemas sociais que estão por trás dela (não estão é dispostos a levar com um tijolo na cabeça). Aliás, nós defendemos que a solução não passa por aumentar o horário da escola, mas sim, que todos lutem por condições de trabalho justas e dignas (como nós tentamos fazer pela nossa profissão). Defendemos que a escola não deve ser um tapa-buracos para os problemas sociais deste país e que deve fazer jus à igualdade de oportunidades. (claro que o/a sr/a. hencal apenas vê isso como preguiça dos professores que não querem é trabalhar...).
Mas pais trabalhadores de sol a sol há aos milhares, e sem dinheiro, e sem estabilidade, e nem todos educam mal os filhos.
Henrique, tem toda a razão. Isto não está bom para pôr crianças no mundo. Pensar que os entrego a estes cães (perdoem-me bichaninhos) incomoda-me. Tenho ignorado o "apelo da natureza" como um verdadeiro ministro ignora um trabalhador. É a crise a fomentar a baixa taxa de natalidade.

10:39 da tarde  

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