Alguma coisa está a mudar...
A demagogia e o estilo autoritário desta equipa ministerial que está actualmente a "governar" a Educação em Portugal, não tarda em ser desmascarada. O "colo" que os órgãos de comunicação e a grande maioria dos "pensadores de jornal" têm oferecido a Maria de Lurdes Rodrigues, está a tornar-se insustentável.
Os professores e os seus sindicatos que realizaram uma Marcha memorável, num feriado Português que coincide com o dia Mundial do Professor, deram uma imagem de unidade que não foi possível esconder do povo português. Se essa manifestação de unidade for seguida com outros momentos de união e de luta em defesa de uma Escola Pública de Qualidade para Todos e de um Estatuto Profissional dos professores dignificado e valorizado, muito difícil será o caminho errado seguido pelo ministério da Educação.
De seguida reproduzo uma coluna de opinião do Jornal de Notícias, dum homem de cultura, Manuel Poppe, que me parece saber apreender o que está em jogo neste momento para a Educação em Portugal. Que denuncia com veemência a demagogia e o potencial destrutivo que têm as actuais políticas na área da educação. a ler e a reflectir.
"O ensino e as empresas
1. Equiparar o ensino a empresas - como parece querer-se - é grave. E significativo: aponta o grau de ignorância da nossa sociedade inculta, pobre, em vias de desenvolvimento, que se deixa manipular. Nada tenho contra as empresas e sei que são importantes e criadoras - quando empresas que congreguem os esforços de operários, técnicos e administradores, em diálogo e respeito mútuo. Mas o ensino é, obviamente, diferente. É a "mãe": esclarece cidadãos, dá-lhes Cultura e conhecimentos que determinam a produção positiva. E o sistema de trabalho, entre ensino e empresa, não tem comparação possível.
2. O leitor sabe que o professor não é um funcionário igual aos outros? Que não cumpre apenas horários e não se limita a "picar" cartões? Que é responsável pelo despertar e desenvolvimento intelectual de milhões de jovens? Que precisa de tempo e tranquilidade, para investigar, actualizar-se, pensar? Que precisa de tempo para preparar as aulas? Que lhe cabe substituir-se ao psicólogo e ao sociólogo, porque a maioria dos alunos são jovens desenquadrados e só vêem os pais cedo de manhã e tarde à noite, quando vêem? E o leitor sabe que o professor gasta horas com tarefas administrativas: registar matrículas, preencher pautas?...
3. Em terra de cegos quem tem olho é rei. O leitor desconhece o referido acima e, fácil e demagogicamente, o induzem em julgamentos disparatados. Porque o leitor ignora que o professor, cujo ofício exige estabilidade, sofre a arbitrariedade das colocações, faz vida de cigano, desconhece um futuro seguro. E sabe que a figura do professor - desautorizado - se degrada? Que não é ouvido? Que não é senhor de si? Que se transformou num peão em mãos de prepotentes? E saberá esta ministra que lançou o ensino às urtigas - à arena onde, rebaixado, o professor se retrai e, reforçado pela desautorização do mestre, o aluno proclama a desautorização e professor e aluno se combatem em vez de dialogar? Se a ministra não sabe, das duas, uma: continua a destruir o ensino ou vai aprender. De qualquer modo, é altura de entregar o lugar a alguém capaz."
3 Comentários:
"E sabe que a figura do professor - desautorizado - se degrada?......"
Passei agora pelo Intermitências, do Miguel Sousa, e pareceu-me que o relato que faz da reunião de pais revela as consequências da desautorização dos professores que vem sendo feita pela actual equipa do ME e seus acólitos.
"Entregar o lugar a alguém capaz" - pois é altura, sim, não sei é quanto tempo levará a remediar as consequências do denegrimento da imagem do professor que foi conseguido
:(
Pena é que essa unidade só se veja quando é para manter direitos!!!
Durante os anos de ouro de obtenção de direitos (anos 90) criaram-se sindicatos para aumentar os "tachos" de muitos professores/sindicalistas e agora é o que se vê...
Ó Miguel
continue a pensar assim que o poder agradece.
Mas aconselho-o a ler um pouco mais sobre a história da profissão docente e dos seus sindicatos em Portugal. As suas generalizações são abusivas provavelmente devido a esse desconhecimento.
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