O "curriculum oculto" das políticas educativas.
Em tempo de crise, talvez mais do que em tempos ditos normais ou de vacas gordas, os políticos no poder têm uma necessidade maior de usar justificações e explicações para as suas decisões concretas. É o que se passa, digo eu, em Portugal neste momento. Todas as políticas sociais (ditas reformas) lançadas por este governo, na Educação, na Saúde e na Segurança Social, embora tenham como pano de fundo assumido a poupança orçamental, apresentam razões que tornam secundária essa questão orçamental. É a luta contra o insucesso escolar na Educação, a redução da mortalidade infantil na Saúde, ou a sustentabilidade na Segurança Social.
Quem observa estas políticas e as razões publicamente apresentadas pode aceitar, discutir ou recusar argumentos, mas raramente coloca estes sob um crivo de análise mais fina: não haverá uma agenda oculta?
Eu acho que sim. É toda uma reformulação do papel do Estado, das suas funções que está em causa, num sentido liberal. Reformulação que não se assume pois os intérpretes são nominalmente socialistas e as soluções da crise deveriam ser outras que não basicamente as mesmas de intérpretes liberais.
Para que se desocultem as reais intenções das políticas é preciso fazer perguntas, trazer novos dados, apontar outras possíveis soluções. Tempos de crise são também campo fértil ao advento de soluções e modos autoritários de fazer política, aberrantes em enquadramentos democráticos. Cabe a todos aqueles que não se contentam com o discurso das pseudo-evidências aprofundar a discussão. É o que tentaremos fazer em próximos posts.
4 Comentários:
A privatização da educação é apontada como uma solução para os problemas da escola pública. Será este o caminho que nos querem impor?
Olha vem mesmo a propósito do post seguinte que é uma citação do livro Reformas da Educação Pública. Democratização, Modernização, Neoliberalismo. do Licínio Lima e do Almerindo Janela Afonso.
O tal "curriculum oculto" das políticas sociais dos nossos governos.
claro que é! Desde do Congresso da Figueira da FENPROF que isso ficou claro! Ainda me lembro da delegada grega esbracejar e tentar avisar os professores portugueses! O maior negócio para certos sectores, na Europa nos próximos 20 anos é a Educação! Veja-se o Blair e a privatização de escolas por lá!
O Blair tem feito muito por essa privatização. Esta última medida dele é apenas a última.
Veja-se os "arranjos" às escuras que a Organização Mundial do Comércio tem tentado fazer sobre os serviços públicos em geral e a educação em particular para os abrir ao mercado.
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