quinta-feira, setembro 14, 2006

Competições

"Em cada geração, as melhores inteligências e as mais ricas imaginações são imoladas no Altar do Supremo Deus da Competição.
A competição é, não apenas má, como um acto educativo, mas também como um ideal para a juventude. O que o mundo necessita não é de competição, mas de organização e cooperação; toda a crença na sua utilidade torna-se um anacronismo. E mesmo que a competição fosse útil, não seria louvável em si própria, considerando que as emoções correspondentes são de hostilidade e crueldade. A concepção da sociedade como um todo orgânico é de muito difícil aceitação, para os que foram educados numa ideologia de competição. Ética ou economicamente, é indesejável que a juventude seja educada na competição."
Bertrand Russell

"Para podermos ter cuidado pelos outros, temos de estar atentos às necessidades que eles sentem e exprimem: é nesse sentido que há uma educação para a atenção ao outro. É uma educação que vai contra a mentalidade dominante, altamente competitiva, tendo o sucesso como horizonte, em que o outro existe para ser esmagado, e não para ser descoberto, admirado e ajudado."
Maria de Lurdes Pintassilgo

4 Comentários:

Blogger Unknown disse...

"em que o outro existe para ser esmagado", não sei o que a competição tem a ver com isto.

Esmagar o outro não tem rigorosamente nada a ver com competição, tem a ver apenas e só com o carácter da pessoa.

Eu posso ser competitivo e não aceitar esmagar o outro, posso apenas querer ser melhor que ele, apenas isso! A cultura portuguesa é exactamente a oposta, uma parte significativa dos portugueses querem que o outro seja pior que eles próprios.

1:38 da manhã  
Blogger IC disse...

Bem, Henrique, a competição é inevitável, sabe-se que é uma tendência natural do homem. Mas este também traz em si, a par, a tendência para a cooperação. Ambas são necessidades instintivas, e para eliminar a competição é preciso uma formação da mentalidade (e a tranformação do mundo só pela tranformação das mentalidades é um processo tão longo que bem podemos ficar à espera deitados nas nossas futuras campas ou no montinho cinzas). Mas eu penso que as mudanças acontecem quando uma situação se torna intolerável e, portanto, acredito que a cooperação entre pessoas e povos acabará por se impor por necessidade.
[Hum... desculpa, isto é muito filosófico para as minhas capacidades e competências, bem tenho razão em achar que preciso de um "estágio" de silêncio para não escrever tolices :) ]

1:41 da manhã  
Blogger henrique santos disse...

caro Anti-eduquês para responder à sua questão teria de ser o próprio Bertrand Russell a pronunciar-se. É evidente que não podemos descontextualizar as frases do pensamento mais global de um autor e do contexto da sua época. Fazer citações é correr o risco dessa descontextualização.
Acho interessante ver como um homem que atingiu em certas áreas do saber cumes a que poucos acedem ter ideias como estas. Provavelmente, mas isto sou eu a interpretar, ele só tentava ser melhor do que tinha sido, sabendo, conhecendo, fazendo sempre mais do que em tempos soubera e fizera. E sabendo das consequências que certo tipo de competição tinha nos seres humanos e principalmente no período da sua juventude, fez este tipo de apreciação. É preciso não esquecer que na competição, entre outras coisas há vencedores e perdedores e que, em muitas das competições não há igualdade de oportunidades de sucesso o que atesta a sua injustiça de base. Para os perdedores sistemáticos, o estímulo para voltarem a competir é nulo ou negativo.
Acentuar as virtudes da cooperação e tentar delimitar os exageros da competição, aproveitando o que ela possa ter de válido, parece-me muito mais interessante para um professor.
O espírito deste pensamento, confesso-o, tem em mim uma repercussão forte, pois também fui habituado a ter um espírito fortemente competitivo. Acho e cada vez mais que a competição principal é a de cada um consigo próprio para ser melhor cada dia que passa, e que o facto de certos homens se acharem melhores do que outros leva a caminhos que não partilho.

2:11 da tarde  
Blogger Miguel Pinto disse...

Subscrevo o comentário do Henrique e aproveito o mote da Isabel: ser mais e melhor e um imperativo ético!!!

10:15 da tarde  

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