quarta-feira, julho 12, 2006

Constatações e perguntas.

Estamos ainda em plena crise económica como lhe chamam. Os bancos em 2005 tiveram lucros 30% superiores ao ano anterior, no qual já tinham sido enormes.
Porque é que eles têm tantos lucros em plena crise? De onde lhes vêm essses lucros? Porque é que a questão da isenção fiscal aos prémios dos jogadores portugueses do mundial ocupa muito mais tempo nas televisões do que esta? Afinal não passam de uns trocos em comparação... No caso dos trocos falam dois fiscalistas. No caso dos lucros milionários fala o presidente da associação dos banqueiros. Porquê?
Nunca como agora se produziu tanto, nem houve tanta capacidade produtiva. A crise actual é de sobreprodução ou de sobrecapacidade produtiva. O desemprego aumenta. Deixou de ser necessária tanta mão-de-obra. Há fome (e gente a morrer por isso) no mundo, no primeiro mundo. Além de fome, há muita gente com falta de cuidados básicos de saúde, saneamento, água potável, educação básica.
Não haverá aqui grandes contradições? Será que estamos a morrer por causa da fartura?
Se esta crise não é, basicamente, por falta de capacidade de produção, o que seria compreensível, então por que será que o problema não se resolve mais fácilmente? Afinal nem seria necessário o milagre das rosas ou o da multiplicação dos pães.
As Nações Unidas fizeram as contas e chegaram à conclusão, já por várias vezes, que bastaria canalizar uma porção mínima de certos gastos supérfluos do primeiro mundo para que se conseguisse satisfazer as necessidades básicas das populações do Terceiro Mundo.
Porque é que isso não é feito? Afinal, há tantas pessoas caridosas, principalmente nos estratos ricos.
O Bono até é compincha do Bush. "Make the poverty history, with the money of the rich guy's." Enfim, não abusemos... "with some money of the rich guy's"
Se grande parte da capacidade produtiva dos países fosse canalizada para a satisfação das necessidades das populações o problema não ficaria resolvido? E assim não se teria de incomodar tantas vezes os ricos caridosos.
Segundo os "inteligentes" o problema com a segurança social tem a ver com a questão demográfica, isto é, quando passarem a existir menos activos por cada um dos não activos, devido à queda da mortalidade e à da natalidade,(desculpem o economês mal digerido) a sustentabilidade não será possível.
Duas perguntas: então, e se a natalidade, por suposição, aumentasse, e assim a relação activo passivo aumentasse o problema ficaria resolvido?
Os inteligentes provavelmente mudariam o discurso e da demografia passariam para a crise estrutural do desemprego.
Mas, digam-me lá, para que trabalham os homens, a maioria dos homens?
Para poderem ganhar dinheiro e adquirir os bens e serviços de que têm necessidade, dirá a maior parte.
Então e para produzir esses bens e serviços que são necessários às populações, não é necessário que se trabalhe dando emprego às pessoas que precisam de dinheiro para os adquirir?
Se, como me dirão , o facto de os homens trabalharem 40 horas é demais para que se produzam tais bens e serviços de que se falava anteriormente, então não será de diminuir o tempo de trabalho (ganhando o mesmo), distribuindo-o por todos os que precisam dele para ganharem o seu sustento?
Agora reparo. Eu estou a partir do pressuposto que não há para aí uns intermediários habilidosos (rico eufemismo) que ficam com grande parte da maquia produzida pelo trabalho da maioria. Assim não há pobreza, segurança social, demografia nem trabalho que resistam.
Afinal quem estará a mais? Os reformados, os desempregados, os inválidos, os inactivos, os pobres, ou este sistema que está a limitar a capacidade produtiva e criativa da nossa sociedade em nome do benefício de alguns?

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