Tenhamos esperança.
A senhora ministra da Educação, com o seu estilo envernizadamente suave mas que estala à menor pública contestação, tem dito e repetido, - já após a sua saga destruidora do Estatuto da carreira docente, - que nas escolas os professores estão a trabalhar bem e que as escolas estão a funcionar bem.
Na verdade, creio também que a grande maioria das escolas está realmente a funcionar bem e os professores estão realmente a trabalhar bem e o melhor que podem. É uma das poucas coisas em que concordo com a senhora ministra.
Só que, na verdade, isso acontece precisamente, apesar de sua Excelência e não por causa de sua Excelência. Aliás há muitos professores que têm a tentação de passar a funcionar mal por causa de sua Excelência. Muitos realmente, mas nos quais não me incluo pois sempre achei que era trabalhando e dedicando-me ao máximo que depois poderia ter moral para exigir que respeitassem o meu trabalho, coisa que sua Excelência se preocupou em denegrir e desrespeitar nos últimos dois anos, coisa que não perdoaria a quase ninguém.
Aos colegas que, perante estas declarações sobranceiras de sua Excelência, mais, que perante as políticas desmoralizadoras e divisoras da condição docente, têm a tentação de baixar os braços, de desistir, de deixar de lutar pelos seus direitos, de se empenhar menos no seu trabalho, eu digo: não façam isso. Isso é precisamente dar argumentos a quem nos denegriu e denigre e nos quer dividir mais do que já conseguiu.
Lembrem-se que os professores e as escolas ficarão, enquanto os ministros passam e que um dia virá, em que no ministério da Educação estará alguém que não seja, por exemplo, engenheiro, químico, sociólogo das profissões. Alguém que já tenha dado provas práticas e teóricas no mundo da Educação. Alguém, por exemplo, com a sabedoria, com a classe, com a coerência e com a cultura política democrática no sentido mais digno do termo, como teve Rui Grácio.
Tenhamos esperança.
3 Comentários:
Caro Henrique Santos
Permita-me cumprimentá-lo pela determinação que vem demonstrando. Episódios de colapso da combatividade, tentativa de abrigo na inacção, abstenção do uso da razão crítica, desnorte, falta de confiança e por aí fora sempre presentearam o olhar dos inconformistas. Não vale a pena lamentar: é até contrapoducente, pois quem procura consolidar esses episódios refulga logo de contentamento.
Mais vale confiar no contra-exemplo se quisermos inverter a maré.
Boa sorte e parabéns pelo blog.
Obrigado António
Tenhamos esperança.
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