Tempo de aprender
Manifestação da CGTP. Mais de cem mil trabalhadores, incluindo professores.
Um mar de gente a clamar por uma política diferente - uma política de esquerda. Por uma política onde os direitos dos trabalhadores sejam reconhecidos na sociedade. Em primeiríssimo lugar o direito a trabalhar. Seguido do reconhecimento de que o trabalho deve ser acompanhado de direitos.
Para mim o mais marcante e comovedor foi ver a expressão dos trabalhadoras (e reformados) mais humildes na manifestação. Recordei a luta ganha, aqui há uns anos, pelo direito à semana de 40 horas de trabalho. Luta persistente, consistente e ganhadora onde, por exemplo, as mulheres trabalhadoras texteis enquadradas pela CGTP se mostraram enormes. Lembrei-me como pensei na altura, em que fazia parte da direcção do Sindicato dos Professores do Norte: como gostaria de ver os professores com a mesma capacidade de união, de dignidade e de luta.
É que se é verdade que os professores estão a ver perder, neste momento, uma quantidade de direitos assinalável, a situação da maioria dos nossos trabalhadores portugueses é ainda, em geral, muito pior: desemprego e medo de perder o emprego; baixíssimos salários; precariedade extrema; intensificação e pressão no trabalho. (eu não estou a esquecer a situação precária dos professores desempregados e contratados).
Como seria bonito se os professores portugueses também soubessem ensinar aos outros portugueses coisas como a solidariedade e a fraternidade. Actualmente, reconheçamo-lo com humildade: estamos em tempo de recebermos lições de solidariedade, dignidade e de força dos nossos companheiros trabalhadores mais humildes.
Etiquetas: Acontecimentos, Sindicalismo
6 Comentários:
Completamente de acordo.
Eu era bastante novinha quando comecei a aprender muito com esses nossos companheiros trabalhadores mais humildes e a primeira lição-exemplo foi no meu 1º ano de ensino - ensino nocturno, a trabalhadores então quase todos mais velhos do que eu, na então Escola Comercial e Industrial Alfredo da Silva do Barreiro (no tempo em que fazer uma greve era tão perigoso, e não esqueço a aula em que só tive um aluno), eram menos "instruídos" do que eu, mas com tantos saberes!
"(eu não estou a esquecer a situação precária dos professores desempregados e contratados)." Pois, mas os sindicatos estão.
Caro colega mulocracia. O colega talvez não imagine que eu conheço a situação de que fala muito bem pois fui seu intérprete/actor durante alguns anos no seio da Fenprof. Tem alguma razão no que diz mas a melhor atitude a tomar é exigir e entrar nas iniciativas da Fenprof relativamente aos problemas dos professores desempregados e contratados. Não fique numa atitude de crítica externa. É através da luta pelos direitos e no seio dos sindicatos como nossos representantes que se deve fazer a luta.
O Henrique tem muita razão no que diz, não fosse o facto de as estruturas sindicais (e falo de todas) estarem completamente fechadas face a novas maneiras de pensar. Não há sentido democrático nos sindicatos, e isso é tão verdade aí como na maioria das organizações. Há, de facto, comissões de contratados e desempregados na SPGL e SPN, por exemplo, mas essas microestruturas servem apenas para desresponsabilizar a macroestrutura face aos problemas que afectam este sector profissional e ostracizar os professores sem vínculo laboral estável. Por alguma razão não há em nenhuma organização sindical uma comissão para os professores efectivos ou uma recém-criada comissão para os professores titulares. É que nestes últimos casos, parte-se do pressuposto que são interesses da classe...
O problema estará, e aí discordo um pouco de si, não em haver comissões especificas, já que é normal que no seio dos sindicatos se criem grupos de trabalho envolvendo as pessoas que sofrem directamente os problemas. O problema é por vezes a direcção dos sindicatos (e desculpe-me mas só falo da Fenprof pois é, apesar de algumas deficiências o sindicato mais digno desse nome e aquele que conheci bem por dentro) não assumir esses problemas como um problema de classe. Eu defendo um sindicalismo de participação dos professores. Os professores devem obrigar os sindicatos a que efectivamente os representem. Não se esqueça que no passado muitos milhares de professores contratados viram a sua efectivação por força da luta consequente dos sindicatos apoiados pelos professores nessas condições. E se existe agora o subsídio de desemprego (em condições muito deficientes, diga-se) tal deve-se à luta de anos dos sindicatos e dos professores da Fenprof, com muitas iniciativas em que tive a honra de participar e até de promover.
Os professores desempregados e contratados devem obrigar a Fenprof a mexer-se. Criticá-la só, não serve.
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