quinta-feira, julho 13, 2006

Sobre os resultados dos exames do 9.º.

Uma das coisas que estes resultados me parecem demonstrar é a facilidade com que o nível de resultados pode mudar de um ano para o outro na ordem das dezenas de pontos percentuais.
É interessante verificar como na Matemática a "coisa" subiu significativamente e no Português desceu bastante. Interessantes e talvez convenientes estas dinâmicas inversas.
Quanto a exames ou a avaliações já vários disseram que, muitas vezes, elas medem mais os próprios instrumentos de medida ou os avaliadores do que aqueles que se pretendem medir: os avaliados.
Mesmo não sendo professor de Matemática, faz-me muita impressão ver as contas "estatísticas" que se fazem, fazendo médias quantitativas de níveis qualitativos. A mistificação dos números para pacóvio embasbacar é e continuará a ser um grande instrumento da demagogia.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

A descida nas notas positivas de português é demasiado acentuada. Acredito que revele alguma coisa acerca das competências dos alunos na língua materna; duvido que se possam tirar quaisquer conclusões a respeito de uma evolução do ano passado para este. Se uma boa fatia dos alunos é a mesma, se os professores são sensivelmente os mesmos (e não acredito que os métodos de ensino tivessem mudado dramaticamente), o que mudou mesmo foi a prova ou os critérios de correcção. Poucas conclusões se poderão tirar se houver 80% de positivas no próximo ano.
A haver exames, que se encarem seriamente como um instrumento de avaliação a longo prazo das aprendizagens. Para isso, é necessário definir rigorosamente e concretamente os objectivos e a estrutura da prova. E mantê-los ao longo de vários anos. É inocência ou desonestidade (conforme os casos) dizer que o sucesso numa prova depende unicamente das competências e conhecimentos em si. Depende também do conhecimento prévio da estrutura e da mecânica do instrumento de avaliação. Por que razão se dão a conhecer aos examinandos dos certificados internacionais de línguas estrangeiras a estrutura das provas escritas ou a sequência dos exames de oralidade em pormenor? Simplesmente porque o nosso conhecimento não existe em abstracto e precisamos de nos sentir seguros perante os instrumentos de avaliação.

Infelizmente não tenho presentes os pormenores, mas terá sido feita em França um experiência. Um reputado e conhecido historiador fez um exame de História do ensino secundário. O exame foi corrigido como qualquer outro, sob anonimato. A classificação foi apenas mediana. O "examinando", uma vez que não conhecia as expectativas do examinador, perdeu-se em comentários irrelevantes e excesso de informação. Mas falta de conhecimentos e competências não tinha.

7:52 da tarde  
Blogger henrique santos disse...

Pedro
achei muito interessante o que disseste.
Por exemplo, penso também que se os professores fizessem os exames que se fazem aos alunos externos do 9.º ano muito poucos passariam. E não seria por falta de saberes e competências. É preciso pensar na enormidade de conhecimentos memorizados que eles solicitam geralmente. Daí que quase ninguém passe.
Eu quanto a exames, acho que devem ser usados com bastante cuidado, como elementos, (com peso relativamente reduzido) entre outros, da classificação dos alunos.
Em Portugal os exames estão a assumir uma função socialmente selectiva e que permita a comparação entre escolas, a partir de um instrumento pretensamente objectivo e que é "igual" para todos os alunos e escolas e os permite comparar. Daí os rankings que posicionam as escolas e que surgem do tratamento preferencial dos exames.

10:47 da tarde  
Blogger zoltrix disse...

muito bem! Ambos!

3:47 da tarde  

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