segunda-feira, outubro 31, 2011

Desemprego confortável!!!

Hoje li declarações de um membro subalterno do governo que aconselhava os jovens a imigrar e deixarem a "zona de conforto" do desemprego.

Este insuportável assalto aos direitos de quem trabalha ou quer trabalhar, com argumentos que cada vez são mais incríveis e ridículos, atingiu o limite do aceitável. E isto digo eu que para já não sou dos que estão pior: "apenas", em pouco tempo, vou ver reduzido em um terço os meus rendimentos de trabalho...

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quinta-feira, outubro 27, 2011

Não à destruição da Escola Pública

O governo, com todas as medidas lançadas e outras já previstas, está a aplicar um nítido plano de reestruturação neoliberal na área da educação. Dois pilares são visíveis nesta política:

-a destruição da educação pública, - esse bem precioso que permite o acesso de todos aos bens culturais fundamentais e a uma educação para todos, - que é por demais visível;

-o beneficiar da educação privada, em que podemos apontar como prova o aumento, a contracorrente, do subsídio nos contratos de associação, e agora, a notícia de hoje que diz que os pais poderão no próximo ano escolher a escola para os filhos, medida de que beneficiarão os já beneficiados com maior poder económico ou capital cultural.
O governo quer transformar o conceito de educação como um direito de todos, num negócio rentável para alguns a que aqueles que puderem pagar frequentam. O resto de educação pública que sobrar, será ultrasubfinanciada, de baixa qualidade e destinar-se-á aos que não puderem pagar a escola privada.
A todos aqueles que acreditam na importância da Educação Pública está lançado o grande desafio da resistência a estas iníquas políticas. À Fenprof lanço o repto: é a hora de preparar a Marcha pela Educação, que chegou a estar agendada no ano passado.

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terça-feira, outubro 25, 2011

Banalização da barbárie

Hoje na hora do almoço, vi imagens de Kadhafi a ser brutalmente espancado antes de ser morto.

De facto o que aconteceu deve ser noticia e em telejornais e imprensa de referência mereceria análise séria. O que me parece absolutamente reprovável e deseducativo é haver canais públicos, a horas matinais ou vespertinas a apresentarem este tipo de imagens. Se há limitações horárias para apresentação de filmes de ficção com certos tipos de conteúdo, porque é que esta "realidade" entra pelos olhos de crianças ou jovens, ainda por cima comentadas e editadas de forma absolutamente imprópria pelos execráveis media da nossa praça.

Mas convenhamos: depois de sete meses de desinformação, com os bombardeamentos de civis na Líbia a serem considerados pelos media de acções humanitárias, o que aconteceu hoje é um "pormenor". É a banalização da barbárie, feita em primeira instância pelos terroristas de estado das potências dominantes e multiplicada pelos servis meios de comunicação social.

PS. Não sou defensor oficioso de Kadhafi, nem defensor do seu regime e nunca o convidei oficialmente para minha casa como o fizeram certos governantes que nos últimos meses se juntaram para o bombardear e que agora estão a reunir-se para a partilha dos despojos (Petróleo e Gâs).

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domingo, outubro 23, 2011

Insuportável

O que está a acontecer no mundo, com a Nato ou os EUA a bombardear e a matar impunemente pelo mundo fora e a colocar no poder marionetes sob o seu controlo, é algo que só com "democracias" de pacotilha como as que existem, e com instituições internacionais absolutamente dominadas é possível.


Na verdade isto já acontecia no período da Guerra Fria (vejam-se as ditaduras da América Latina e não só, colocadas no poder com o patrocinio dos EUA) mas agora está a atingir um limite absolutamente insuportável.


Por isso nos raros momentos em que vejo noticiários de "desinformação" com "jornalistas" e "comentadores" a falarem da instalação de novas "democracias", eu fico com vontade de ver ainda menos tv.

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sábado, outubro 22, 2011

As balas

Dá o Outono as uvas e o vinho
Dos olivais azeite nos é dado
Dá a cama e a mesa o verde pinho
As balas deram o sangue derramado

Dá a chuva o Inverno criador
Ás sementes dá sulcos o arado
No lar a lenha em chama dá calor
As balas deram o sangue derramado

Dá a Primavera o campo colorido
Glória e coroa do mundo renovado
Aos corações dá o amor renascido
As balas deram o sangue derramado

Dá o Sol as searas pelo Verão
O fermento no trigo amassado
No esbraseado forno cresce o pão
As balas deram o sangue derramado

Dá cada dia ao homem novo alento
De conquistar o bem que lhe é negado
Dá a conquista um puro sentimento
As balas deram o sangue derramado

Do meditar, concluir, ir e fazer
Dá sobre o mundo o homem atirado
À paz de um mundo novo de viver
As balas deram o sangue derramado

Dá a certeza o querer e o construir
O que tanto nos negou o ódio armado
Que a vida construir é destruir
Balas que deram sangue derramado

Essas balas deram o sangue derramado
Só roubo e fome e o sangue derramado
Só ruína e peste e o sangue derramado
Só crime e morte e o sangue derramado.

Depois de ler o poema, ouvir Adriano em:
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

quinta-feira, outubro 20, 2011

"Para não dizer que não falei das flores"

Como em tempos como estes corremos o risco de nos tornarmos amargos ou cínicos, nada melhor do que uma boa música do Geraldo Vandré. O facto de se tratar de uma música feita em plena ditadura militar brasileira é pura coincidência. A nossa é apenas, como diz o Miguel Urbano Rodrigues, "uma ditadura da burguesia de fachada democrática".


Bom proveito.

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terça-feira, outubro 18, 2011

Disse não estruturantes?

Nuno Crato continua a dar passadas seguras no sentido da implosão do ministério e da educação pública em Portugal. Não se pode dizer que não o tenha prometido. Dias depois de anunciar no estrangeiro mais um corte de várias centenas de milhões de euros a juntar aos 800 milhões de cortes do ano passado, surge nas notícias o futuro corte nas disciplinas de História e Geografia invocando o argumento de que elas não são estruturantes.


De facto só alguém que não tem o mínimo de visão cultural ou que está no ministério para cumprir agendas alheias à qualidade da educação pode considerar que estas disciplinas não são estruturantes. Lá que dissesse que para cumprir nos cortes que lhe mandam fazer ele tem que cortar em qualquer lado, vá lá que seria mais sério. Agora usar argumentos de banha da cobra, ele que se ufanava do rigor, isso não.


Nestas medidas vejo só uma vantagem: talvez abra os olhos aqueles professores destas matérias que diziam que NC era muito rigoroso e que viam nele um ministro em quem se poderia contar para melhorar a educação em Portugal. Pode ser que agora estes colegas se tornem politicamente menos analfabetos.

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domingo, outubro 16, 2011

Uma guerra contínua

Na citação longa que se segue, Walter Benjamin situava a contradição básica do capitalismo e trazia-nos as ideias expressas pela estética assumidamente fascista do futurismo de Marinetti. Ele reportava-se aos anos trinta mas, qual a função da guerra imperialista dos dias de hoje senão a mesma dos dias a que ele se reportava? E uma guerra não somente de armas convencionais mas uma guerra manifesta nas sociedades a que pertencemos e explicitada no desemprego, na pobreza, na alienação e na repressão surda. Penso que vale a pena ler esta citação incluída no excelente texto de Benjamin "A OBRA DE ARTE NA ÉPOCA DA SUA REPRODUÇÃO MECANIZADA".

"“Desde há vinte e sete anos que nós, futuristas, nos erguemos contra a afirmação de que a guerra não é estética... Ora, somos obrigados a constatar... A guerra é bela, porque graças às máscaras de gás, aos aterrorizadores megafones, aos lança-chamas e aos pequenos tanques, ela funda a supremacia do homem sobre a máquina subjugada. A guerra é bela, porque inaugura a sonhada metalização do corpo humano. A guerra é bela, porque enriquece um prado florido com as flamejantes orquídeas das metralhadoras. A guerra é bela, porque une os tiros e canhoneios, as pausas de fogo, os perfumes e odores da decomposição numa sinfonia. A guerra é bela, porque cria novas arquitecturas como a dos grandes tanques, das esquadrilhas geométricas de aviões, das espirais de fumo subindo das aldeias em chamas e de tantas coisas mais... Poetas e artistas do Futurismo... recordai estes princípios de uma estética da guerra, para que a vossa luta por uma nova poesia e uma nova plástica... seja por ela iluminada!”

Este manifesto tem a vantagem da nitidez. A sua maneira de pôr a questão merece ser reconsiderada pelo homem de dialéctica. A seus olhos, a estética da guerra contemporânea apresenta-se do modo seguinte. Quando a utilização natural das forças de produção é atrasada e recalcada pela ordem da propriedade, a intensificação da técnica, dos ritmos de vida, dos geradores de energia, tende para uma utilização contra-natura. Encontra-a na guerra, que por meio das suas destruições vem provar que a sociedade não estava madura para fazer da técnica o seu orgão, que a técnica não estava suficientemente desenvolvida para jugular as forças sociais elementares. Nos seus traços mais imundos, a guerra moderna é determinada pela discrepância entre os poderosos meios de produção e a sua insuficiente utilização no processo de produção (noutros termos, pelo desemprego e pela falta de postos de trabalho). Nesta guerra a técnica, insurgida por ter sido frustrada, pela sociedade, no uso do seu material natural, arranca indemnizações ao material humano. Em vez de canalizar cursos de água, enche trincheiras de fluxos humanos. Em vez de semear a terra do alto dos seus aviões, semeia nela incêndios. E nos seus laboratórios químicos achou um processo novo e imediato para suprimir a aura. "

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sábado, outubro 15, 2011

Possivel definição de teatro

Depois de ter assistido a uma encenação da peça "Do alto da ponte", de Arthur Miller, pelo TEP, consolido a minha definição de teatro:
É a vida mas em concentrado, dado ter de expressar-se em tempo reduzido.

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quinta-feira, outubro 13, 2011

A "primavera" dos EUA

Enquanto em Portugal Passos Coelho anuncia mais medidas destinadas a empobrecer os portugueses aproveitando-se do adormecimento de amplas camadas da população, nos EUA amplifica-se um grande movimento de protesto que já se estende a 1400 cidades. Relembra-se que no dia 1 de Outubro 700 pessoas foram presas e espancadas num dia de manifestação em Nova Iorque, coisa que é passivel de acontecer só em regimes ditatoriais.

Só que, perante a continuação dos protestos já não é possivel esconder a realidade e até os meios de comunicação dominantes, como o New York Times, já lhe concede espaço noticioso, quando bem tentou abafar a realidade.

Lendo uma análise de Miguel Urbano Rodrigues a estes acontecimentos que recomendo, vi lá uma frase de Goethe que foi usada por uma manifestante e que se aplica na perfeição à situação da maioria das pessoas no mundo ocidental:

«Ninguém é mais completamente escravizado do que aquele que acredita falsamente ser livre».

terça-feira, outubro 11, 2011

Tão bonzinhos que eles são

Hoje o "directório" europeu resolveu fazer "concessões" aos devedores, Grécia, Portugal e Irlanda. Vai diminuir os juros, estender os prazos, entre outras "benesses" e com efeito retroactivo. A Portugal, dizem eles, vão poupar 5 mil milhões de euros e à Irlanda são mesmo 10 mil milhões.

Isto é o quê? É uma reestruturação da dívida, aquilo que, por exemplo, o PCP e o BE andavam a exigir para Portugal e o governo português dizia que não...

Que ironia. São os nossos "emprestadores" que concedem coisas que "nós" nem pedimos... Por nós entenda-se os nossos "governos" ou "oposições" responsáveis.

Não é preciso ser economista para saber que com a receita da troyca a recessão é certa e que em vez de virmos a ser capazes de pagar o que devemos ainda vamos passar a dever mais e a torná a dívida impagável. É só isso e mais nada que leva os benfeitores da troyca a estas concessões.

E entretanto dos mais de 100 mil milhões que nos emprestam é preciso não esquecer que 12 mil milhões de euros vão direitinhos para os bancos e para estes, ainda do empréstimo, constam também 35 mil milhões de garantias para os mesmos bancos. E é preciso lembrar que grande parte do que pedimos agora serve para pagar aos credores, por exemplo, aos bancos alemães e franceses que sem "resgate" não receberiam.

É preciso também não esquecer o que está para trás, no passado destes últimos 34 anos: houve uma destruição (consentida pelos partidos do centrão mais PP), a mando da europa, da nossa indústria, agricultura e pescas, o que nos tornou hiperdependentes; vieram fundos em troca dessa destruição, muitos dos quais gastos em corrupção, em obras faraónicas, em betão, e que engordaram novos e velhos grupos económicos; houve a privatização forçada das empresas estratégicas e que davam lucro fazendo com que grande parte do PIB produzido actualmente em Portugal saia para o estrangeiro (e agora querem continuar com estas privatizações, pois ainda faltam mais algumas empresas apetecíveis).

E já agora vá-se mais atrás. A grande e arrogante Alemanha de hoje ainda não pagou as dívidas, reparações e indemnizações devidas aos outros países pelas duas guerras mundiais que causou. A reunificação da Alemanha deu-se em 1990 e as indemnizações que estavam prometida para a altura dessa reunificação foram convenientemente esquecidas. E vêm agora falar-nos das nossas dívidas como se eles não tivessem imensos telhados de vidro, eles que foram os reis das dívidas do século XX.

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segunda-feira, outubro 10, 2011

Educadores dos povos

Ontem, uma notícia dava conta que a Troyca queria que as medidas de austeridade a aplicar na Grécia fossem mais aprofundadas.

Sabendo nós como na Grécia já tão longe se foi na austeridade, - nos cortes salariais por exemplo - só podemos tirar como conclusão que o FMI e os seus parceiros europeus querem fazer da Grécia um exemplo para todos os outros PIIGS. Querem humilhar um povo para ameaçarem todos os outros.

E é triste que os outros povos possam ficar calmos à espera que lhes aconteça o mesmo.

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domingo, outubro 09, 2011

"Museus deixam de ser gratuitos ao domingo "

Para que é preciso um povo Culto e Educado?
Um povo assim só estorva certas governações "musculadas" de direita assumida ou disfarçada.
Assim o percebeu Salazar condenando durante décadas o nosso povo ao atraso cultural e mantendo assim uma das condições essenciais da sua longevidade no poder.
Assim o entendem também estes novos "democratas" que nos "governam".
Não há democracia política sem que haja também democracia económica, social e cultural. Julgar que democracia é a possibilidade de mandar uns bitaites sem ir directamente para a prisão (mas com a possibilidade real de ficar sem emprego por causa disso), ou de ir votar de x em x anos em contextos comunicacionais viciados, está muito enganado.

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sábado, outubro 08, 2011

Educação/Direito versus Educação/Negócio

Há basicamente duas formas de conceber a Educação: por um lado a Educação vista como um Direito a que devem ter acesso todos, de uma forma gratuita, assegurando qualidade e equidade. Por outro lado, a Educação encarada como um Negócio, ao qual devem ter acesso quem tem o poder de o pagar, não assegurando por isso qualidade para todos, sendo a equidade conceito inoperacional.

No mundo de hoje, a comunicação social ao serviço do mundo dos Negócios (ela mesma é um Negócio) matraqueia-nos com a ideia de que não é possível assegurar a Educação/Direito (ou os outros direitos), por falta de "sustentabilidade". Além disso dizem-nos que nem é desejável, pois a santa competição e a busca do lucro é que criam mais qualidade nos produtos e serviços.

Quem sabe um pouco de economia (economia como ciência que trata da produção e distribuição de produtos e serviços visando a satisfação das necessidades de todos e não só de alguns), sabe que nunca houve, mais do que nos nossos dias, maior capacidade produtiva em qualquer sector da nossa sociedade. As crises de que padecemos nos países ocidentais são de sobreprodução e não de miséria como em séculos passados. Só através de propaganda em massa é que é possível que as pessoas engulam o argumento da falta de recursos para assegurar os direitos de todos.

É preciso dar corpo novamente a esta visão da Educação como Direito e resistir ao retrocesso civilizacional da Educação como negócio.

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sexta-feira, outubro 07, 2011

O analfabeto político

Quem lê caixas de comentários dos blogs de professores mais badalados da nossa praça, percebe que formação académica de alto nível, como é pelo menos a de licenciatura, não garante o acesso à literacia política básica. Quantos trabalhadores com pouca instrução escolar conheço eu mais cultos e alfabetizados politicamente do que muitos licenciados, mestres ou doutores.

Daí que perceba bem aquele texto de Bertolt Brecht sobre o pior analfabeto ser o analfabeto político.

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quarta-feira, outubro 05, 2011

Recomeçar com Georges Snyders.

Georges Snyders, esse grande nome da Pedagogia, com livros incontornáveis para os Educadores, faleceu em 27 de Setembro passado.
Dele, cito uma parte de uma entrevista que ele concedeu há cerca de 20 anos a um brasileiro. Nessa entrevista mostra como estava sempre em processo de aprendizagem, apesar da idade avançada, retocando as suas teorias há medida da realidade que ia percebendo. Constantes, no entanto, o seu amor à verdade e aos valores humanos.
"Quanto mais os alunos enfrentam dificuldades - de ordem física e econômica - mais a Escola deve ser um local que lhes traga outras coisas. Essa alegria não pode ser uma alegria que os desvie da luta, mas eles precisam ter o estímulo do prazer. A alegria deve ser prioridade para aqueles que sofrem mais fora da Escola.
Sei que é um pouco utópico, mas de vez em quando é necessário sonhar. Estou aposentado e sei que sonho; mas o mundo precisa, de tempos em tempos, de pessoas sonhadoras."
Vale a pena ler a entrevista toda em:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_11_p159-164_c.pdf
Existem muitas obras deste autor em português.
Deixo-vos também um link em francês evocativo das principais ideias deste autor:
http://cahiers-pedagogiques.com/spip.php?article7577
Recomeço assim a publicação deste blog com um autor cujos livros e ideias foram para mim algo de fundamental.

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