sábado, abril 25, 2009

25/04/1974. Um testemunho.

No 25 de Abril de 74 eu tinha apenas 10 anos. No entanto vivi-o intensamente. Acompanhei e participei nas manifestações que quase diariamente passavam na minha rua da infância na direcção do Quartel General do Porto.
Um acontecimento da época marcou-me imenso. Foi uma sequência de eventos culturais que aconteceram, nem sei bem se só num dia ou numa série de dias, no Palácio de Cristal. Cantores de intervenção, poetas como Ary dos Santos, peças de Teatro, e muito mais, tive eu oportunidade de ver e sentir a 10 metros de mim. Nunca mais esqueci.
Para mim, para além de muito mais, a Revolução que todos nós sabemos está a ser adiada, significou um evento cultural transcendente. Disso me lembro vivamente.
Alguns dizem, Baptista Bastos, Saramago, que o 25 de Abril foi... e que se não tivesse acontecido talvez Portugal fosse o que é hoje. Em parte compreendo-os e até posso concordar também parcialmente. Mas discordo duma parte essencial: o 25 de Abril, como todas as Revoluções Progressistas deixou um travo (cravo) que permanecerá por muito tempo na memória e será também exemplo de possibilidade (que foi real momentaneamente) de um mundo melhor. Só por isso valeria e vale também, hoje em dia.
Na Educação o 25 de Abril foi uma verdadeira Revolução. Só pode menosprezá-lo dois tipos de pessoas: os ignorantes ou os mesmos que desde há muitos anos tem vindo a tentar e a conseguir que muitas vitórias de Abril, neste campo, sejam terraplanadas.
Num tempo em que o Povo anda triste, criseado", despedido, enganado, e manipulado, ver a alegria do mesmo Povo na Revolução da Liberdade constitui um conflito cognitivo dissonante que aos olhos de muitos dos que têm mais de 45 anos talvez comece a ser motivo de desalienação. Espero.
E aos professores espero esta data os comece a libertar da triste sina de não se saberem, ao fim e ao cabo, trabalhadores como a maioria do Povo. Trabalhadores cuja força sempre foi e será a unidade na acção. Acção essa que só pode ser feita na Esperança de um mundo melhor para todos e não a pensar na vidinha de cada um.

sexta-feira, abril 10, 2009

Aprender e ensinar

« 150 treinos mais 20 a 25 jogos por ano, de novo dispondo de total autonomia na direcção e condução da actividade, a significar terreno profícuo ao desenvolvimento, é no nosso olhar sobre o jogo que começa por ocorrer a mudança.
E o que começa a ocorrer, é que, progressivamente, o olhar na busca dos caminhos para ensinar, vai-se libertando da exclusiva conformidade com os conteúdos, para deslizar na identificação dos problemas que a situação de jogo colocava aos aprendizes.
Aprendemos a olhar não para o jogo, mas sim para o jogo que eles conseguiam jogar, focalizando o olhar nos expedientes de que se socorriam para resolver os problemas, para daí avaliarmos o nível de competência necessária para poderem ter êxito.
E fomos aprendendo que tínhamos de ser capazes de ver o jogo simultaneamente em duas dimensões. A dimensão real, que se traduzia naquilo que estava a acontecer, e a dimensão antecipativa, que se traduzia naquilo que deveria acontecer.
Situando-nos sempre entre o jovem e o jogo, fomos naturalmente percebendo que cabe a quem ensina adequar as condições de prática, quer às particularidades dos praticantes (competências que possuem), quer aos propósitos da aprendizagem (conseguir que joguem).
A experiência de Moçambique ensinou-nos a compreender que se aprende enquanto se ensina, e ensinou-nos a saber procurar mais com a aprendizagem do que com o ensinar.”

Hermínio Barreto (2004) Prontidão desportiva. Equilíbrio entre as capacidades de hoje e exigências de amanhã. In: Gostar de Basquetebol. Ensinar a jogar e aprender jogando (pp 19-20). Lisboa: Edições FMH.

domingo, abril 05, 2009

Viva Santo Onofre

O episódio que se está a passar em Santo Onofre e, com certeza noutras escolas deste país, é uma mistura de tratamento exemplar e de caça às bruxas. Tratamento exemplar para tentar demover alguém com ideias semelhantes para resistir ao avanço do processo do Ditador escolar; caça às bruxas para castigar os recalcitrantes.
É preciso dizer que estas situações só estão a acontecer com estes contornos e apimentadas com declarações giras - a minha mulher disse-me que aquela senhora de triste figura disse no parlamento que "os professores estavam do lado dela, como estão as autarquias e os pais" - porque muitos dos professores fraquejaram no momento em que não podiam fraquejar: o da entrega dos famigerados o.i.s. Esses "colegas" são cúmplices do que está a acontecer. Como cúmplices parecem também estar a ser certos dirigentes sindicais da FNE a quem está a cair a máscara e que estão a ter um papel de capos no Agrupamento de Santo Onofre.
Por mim que confesso atravessei um período de nojo, no blog e não só, por ver a dignidade a ser assassinada por tantos colegas "coitadinhos" a entregarem os seus o.i.s, nada melhor do que este momento para o interromper.
Um grande abraço para os professores de Santo Onofre. Hão-de Vencer.