sábado, fevereiro 21, 2009

Avanço do pensamento único

Hoje li uma notícia má. A editora Campo das Letras está em dificuldade e pode fechar. Depois da Caminho ser engolida pela Leya, este é mais um rude golpe nas editoras que publicam conteúdos críticos em Portugal.
O pensamento único, em Portugal, dá passos de gigante. Qualquer dia, ler em papel em português, ou ver na televisão ou ouvir na rádio algum conteúdo crítico será uma raridade. E então que dizer para aqueles que têm dificil acesso a obras noutras línguas.
A nossa escala de mercado tão reduzida torna pouco viáveis as editoras críticas. É pena.
Restam alguns espaços onde a crítica, por agora, pode ser feita e está a ser feita: a blogosfera é disso exemplo. A criatividade dentro da resistência precisa-se. E como a necessidade aguça o engenho...

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Campanhas coloridas

Um senhor anda a queixar-se de estar a ser alvo de uma campanha negra.
Não vou tecer comentários sobre se é negra ou de outra cor ou se é campanha o que andam a fazer sobre esse senhor. Há uma investigação a decorrer. Esperemos que seja rápida e apure a verdade.
Mas sobre campanhas, negras e de outras cores mais se pode dizer. Esse mesmo senhor é mestre nesse tipo de campanhas. Por exemplo, em relação a várias classes profissionais, entre as quais a dos professores surge à cabeça, o governo que esse senhor encabeça, promoveu a mais longa campanha negra de que há memória.
E quanto a colorir campanhas, que dizer do dito relatório da OCDE sobre as políticas para o ensino básico, que afinal já não é da OCDE?
Será caso para dizer que está neste momento a provar de um dos venenos que tantas vezes utiliza?

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Árvore

Chamaram-lhe árvore
apenas
porque crescera com os pés
dentro da terra.

Chamaram-lhe homem
talvez
por parecer saber coisas
além do óbvio.

Mesmo estúpido e submisso é um homem.
Mesmo frondosa e erecta é uma árvore.

Humanas contradições.

domingo, fevereiro 01, 2009

Respostas e perguntas

Não é original o que vou dizer: tanto ou mais importante do que saber dar respostas é saber colocar perguntas. Aliás perguntas e respostas, respostas e perguntas estão em recíproca interacção. Hoje tive um exemplo disso: só quando a minha mulher começou a colocar questões para um problema com que nos deparávamos com uma câmera de video digital é que fomos capazes de dar uma resposta cabal ao problema. Enquanto em vão eu tentei dar respostas sem saber bem qual o problema em causa, a coisa não se resolvia.
E no meio de tudo isto o processo da experimentação, não tanto o de um ensaio e erro (que por vezes resulta) mas o de ensaios guiados por hipóteses. É por estas e por outras que a formação do bom senso e do espírito científico é importante para todos. Sem exclusões epistemológicas.
Como já ouvi a alguns pedagogos: a nossa educação está saturada de perguntas conhecidas com respostas já sabidas, esquecendo a espontaneidade de perguntas que querem mesmo saber respostas que se desconhecem.