quinta-feira, dezembro 25, 2008

Na morte de Harold Pinter

Um grande Homem morreu. O seu exemplo continua, nas suas palavras, peças teatrais, livros, etc. Como Homem nunca deixou de intervir nos grandes problemas do seu tempo, quando tantos intelectuais se acobertam na comodidade cómoda com que os tentam comprar. Um exemplo também para os professores neste tempo em que a dignidade está em jogo e alguns podem esquecer-se disso.

"A linguagem política, tal como a empregam os homens políticos, não se aventura sobre este género de terreno, pois a maioria dos homens políticos, a crer pelos elementos de que dispomos, não se interessa pela verdade mas pelo poder ou pela manutenção do poder. Para manter esse poder é essencial que as gentes continuem na ignorância, que vivam na ignorância da verdade, até da verdade da sua própria vida. O que nos rodeia é um vasto tecido de mentiras, do qual nos alimentamos."

"Eu creio que apesar dos enormes obstáculos que existem, ser intelectualmente resoluto, com uma determinação feroz, estoica e inquebrantável, a definir, enquanto cidadãos, a real verdade das nossas vidas e das nossas sociedade é uma obrigação crucial que nos incumbe a todos. Ela é mesmo imperativa.
Se uma tal determinação não se incarna na nossa visão política, nós não teremos alguma esperança de restaurar o que nós somos tão perto de perder - nossa dignidade de homem."

Estes excertos foram retirados da mensagem de Harold Pinter aquando da recepção do Prémio Nobel da Literatura. Pode ouvi-lo aqui ou ler o texto aqui em várias línguas.
Pode também explorar a Fundação Harold Pinter.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Avaliaçãozinha

Vamos brincar à avaliaçãozinha


Vamos brincar à avaliaçãozinha
Poeira, rasteira e boa grelhazinha
Vamos brincar à avaliaçãozinha.

A senhora de não sei quem
Que é de todos e de mais alguém
Passa a tarde afadigada
Mastigando a docentada
Com muita pena do aluno,
Coitada.

Vamos brincar à avaliaçãozinha
Poeira, rasteira e boa grelhazinha
Vamos brincar à avaliaçãozinha.

Neste mundo de instituição
Cataloga-se até o coração
O “socialismo” salva os ricos
Dá-se fome aos sem penicos
O seu jeito fará
Tudo em fanicos.

Vamos brincar à avaliaçãozinha
Poeira, rasteira e boa grelhazinha
Vamos brincar à avaliaçãozinha

O profe no seu penar
Habitua-se a rastejar
E no campo ou na cidade
Faz da sua infelicidade
Algo para os desportistas
Da caridade.

Vamos brincar à avaliaçãozinha
Poeira, rasteira e boa grelhazinha
Vamos brincar à avaliaçãozinha.

E nós que queremos ser irmãos
mas nunca sujamos as mãos
é uma vida decente
não uma ceia ou aguardente
o que é justo e há que dar
a essa gente.

Não vamos brincar à avaliçãozinha
Não vamos brincar à avaliaçãozinha.
Não vamos brincar à avaliçãozinha
Não vamos brincar à avaliaçãozinha.
Não vamos brincar à avaliçãozinha
Não vamos brincar à avaliaçãozinha.

H.S, com um obrigado ao José Barata Moura a quem se “deturpou a canção”.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Sem amos

Um ministério suportado por um governo por sua vez suportado por maioria absoluta, apoiado pela maioria dos donos (e das vozes do dono) da comunicação social, apoiado pela direita de facto - a económica sobretudo - pode fazer o que está a fazer aos professores: um assassinato orquestrado duma classe com requintes de malvadez e persistente no tempo.
Só que, na verdade, não o conseguirá.
Maria de Lurdes, os seus dois ajudantes e o seu primeiro vestido de Armani, mais cedo ou mais tarde, cairão do poleiro e voarão para outro, dourado provavelmente pelo dinheiro. É a vidinha. Mas não tenhamos contemplações: passados alguns anos ninguém se lembrará destas tristes figuras. O poderzinho que elas têm pode de facto atazanar muita gente mas é efémero e não passa dum poder de turno. O que deixarão eles, realmente, para o futuro?
Os professores, essa classe tão importante em qualquer sociedade que, como disse salvo erro Bourdieu exercem o "primeiro de todos os ofícios", ficarão por muitos e bons anos e serão um dia tratados e respeitados como merecem. Sobreviverão a bons e maus governos. Sem eles nenhuma geração chegará longe no domínio dos saberes.
De hoje em diante, embora divulgue a luta necessária, não mais proferirei neste blog o nome dum certo engenheiro avaliado por fax ou duma socióloga de olhar infeliz, sabe-se lá porquê?
E hoje, "há que dizê-lo com frontalidade", como sempre, saí feliz do meu posto de trabalho: não servi outro amo senão a Educação dos meus alunos.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Unidos venceremos