domingo, abril 27, 2008

Dia da Higiene e Segurança no Trabalho - A propósito da violência

Encontrei num documento da OIT, Organização Internacional do Trabalho, um documento sobre Violência no local de trabalho. Tem muita coisa a ver com a situação que vivem muitos professores em Portugal. A ler na totalidade aqui.
"4.7.3. Enseñanzas de la experiencia
El empleador, en consulta con los representantes de los trabajadores, debería permitir
que los trabajadores afectados por la violencia en el lugar de trabajo puedan informar de
sus vivencias y, concretamente:
! comentar experiencias personales con los demás, a fin de neutralizar los efectos de la
violencia;
! ayudar a los afectados por la violencia en el lugar de trabajo a comprender y superar
lo que han vivido;
! infundir ánimo y brindar apoyo;
! centrarse en los hechos y proporcionar información;
! explicar cuál es la ayuda disponible.
4.7.4. Mitigación
Los gobiernos deberían promover el apoyo a las víctimas de la violencia en el lugar
de trabajo mediante programas públicos de atención de salud; acceso a tratamiento, cuando
proceda; regímenes de seguridad social; sistemas de salud y seguridad en el trabajo u otras
iniciativas estatales. Asimismo, deberían ofrecer posibilidades de rehabilitación y dar a
conocer su existencia a todos aquellos afectados por la violencia en el lugar de trabajo.
El empleador, en colaboración con los trabajadores y sus representantes, debería
prestar apoyo al trabajador afectado durante todo el período de rehabilitación y concederle
todo el tiempo que necesite para recuperarse, en la medida de lo razonable.
Siempre que sea posible y conveniente, se debería alentar al trabajador afectado a
volver al trabajo, evitando ejercer demasiada presión en un principio y, llegado el caso,
tomando las disposiciones de trabajo que hagan falta para facilitar su reintegro."

sexta-feira, abril 25, 2008

25 de Abril

Abril trouxe-me a esperança num mundo novo onde as perspectivas de fraternidade estão ao virar de cada página dum livro de Sophia, no riso de uma criança que não passa fome e brinca satisfeita, na rua sem pedintes.
Abril não se esquece por decreto nem por decisões de políticos formatados de pensamento único.
Abril é data de hoje que lembra aquele dia "inteiro e limpo" que se há-de erguer amanhã. Porque os "amanhãs" já cantam hoje em quem não é cínico e vive para além do seu umbigo.

terça-feira, abril 22, 2008

Organização do esquecimento

Inesquecível? Para alguns, sim. Mas há os que preferem um sistema de esquecimento organizado: de liberdade sem peias para uns poucos e obediência para muitos; de socialismo para os ricos e capitalismo para os pobres. Eles preferem que o incontestável poder das pessoas comuns seja enviado para o que George Orwell chamou o buraco da memória. Poder-se-ia perguntar: como podemos nós esquecer quando vivemos na era da informação? A resposta para isto é uma outra pergunta. Quem é o "nós"? Ao contrário de tu e eu, a maior parte dos seres humanos nunca utilizou um computador e nunca teve telefone. E aqueles de nós que são tecnologicamente abençoados, muitas vezes confundem informação com media, e traquejo empresarial com conhecimento. Estas são, provavelmente, as mais poderosas ilusões dos nossos tempos. Há mesmo um novo vocabulário, nos quais conceitos nobres foram empresariados em significados enganosos, perversos e mesmo contrários. Inesquecível? Para alguns, sim. Mas há os que preferem um sistema de esquecimento organizado: de liberdade sem peias para uns poucos e obediência para muitos; de socialismo para os ricos e capitalismo para os pobres. Eles preferem que o incontestável poder das pessoas comuns seja enviado para o que George Orwell chamou o buraco da memória. Poder-se-ia perguntar: como podemos nós esquecer quando vivemos na era da informação? A resposta para isto é uma outra pergunta. Quem é o "nós"? Ao contrário de tu e eu, a maior parte dos seres humanos nunca utilizou um computador e nunca teve telefone. E aqueles de nós que são tecnologicamente abençoados, muitas vezes confundem informação com media, e traquejo empresarial com conhecimento. Estas são, provavelmente, as mais poderosas ilusões dos nossos tempos. Há mesmo um novo vocabulário, nos quais conceitos nobres foram empresariados em significados enganosos, perversos e mesmo contrários.

John Pilger

segunda-feira, abril 21, 2008

Significativa contradição, não acham?

Repare-se nesta contradição que penso não se dever deixar passar em branco. Uma associação de empresários criada com o alto patrocínio do presidente da república e em parceria com o ME anda a promover projectos em alguns sítios com o objectivo de obter mais sucesso escolar. Pelo que se vê, proporcionam estes senhores, fundos, e fundos é coisa que não lhes falta, para que certas escolas possam melhorar as condições proporcionadas a alguns alunos em risco. E criam-se assim condições de excepção para alguns alunos e espero que sejam de facto alunos desprivilegiados, assumindo-se que também passa por um financiamento maior a luta contra o insucesso escolar. Repare-se que o ME é parceiro desta iniciativa mas a senhora ministra farta-se de dizer que não é por falta de recursos que o sistema de ensino português tem problemas...
Significativa contradição, não acham os meus leitores?

quinta-feira, abril 17, 2008

Razões do entendimento

Estou convencido que em grande parte o que levou os sindicatos a assinarem o entendimento foi o facto de terem a noção de, não serem capazes neste final de ano, mobilizarem os professores para protestos mais radicais.
Optaram assim por um mal menor, averbando alguns ganhos e tempo para poderem voltarem à carga no início do próximo ano que pode e deve ser preparado já desde agora.
Foi também por isso que concordei com a assinatura do entendimento.

sábado, abril 12, 2008

Lições para um futuro imediato

O que aconteceu com o entendimento dos sindicatos com o ME para salvarem o terceiro período foi uma vitória dos professores que deve ser devidamente valorizada.
Não houve acordo pois o afastamento em aspectos essenciais é evidente (na gestão, no ECD e na própria avaliação do desempenho) mas de facto, pela primeira vez e de forma clara, o governo cedeu.
E há que realçar o facto assim como que quem ganhou foram os professores que estiveram unidos e que se expressaram em 8 de Março e continuariam com certeza a expressar-se neste fim de ano lectivo. E juntamente com os professores ganharam os sindicatos como estruturas que realmente representam os professores e que estes devem valorizar, participando neles.
Penso que deveria ficar claramente evidente também para todos que a luta dos professores passa completamente a leste, por exemplo, do conselho de escolas e de outras estruturas que o governo domina hierarquicamente.
E como seria bom que os professores tivessem entendido a lição da importância da luta na obtenção das possíveis vitórias que nunca são dadas nem nunca estão garantidas. É que há ainda tanto por lutar para mudar o já aprovado modelo de gestão e o ECD que nos compartimentou e piorou as nossas condições de trabalho e de vida.
O Dia D é já Terça-Feira. Aproveitemos esse dia.

quinta-feira, abril 10, 2008

Coisas sumamente interessantes

O número de Abril do Jornal A Página da Educação, interessante jornal da cousa educativa, afirme-se, pago em grande parte com os dinheiros do meu sindicato (SPN) que o criou e mantém, traz entre outras coisas, duas bem interessantes:
-uma entrevista ao sociólogo José Madureira Pinto, onde ele com mais espaço pode mostrar melhor o seu pensamento sobre a actual situação da escola e dos professores;
-a revelação do pensamento antigo de MLR quando era aluna de Raul Iturra.
Vão lá e leiam.
Tempos depois da saída do jornal costuma ser posta online a edição.

sexta-feira, abril 04, 2008

Quando for grande quero escrever assim

"Com conteúdos e qualidade muito diversos, as medidas de política educativa do actual Governo manifestam, em qualquer caso, um princípio unificador bastante preciso: retirar direitos ("privilégios", no entendimento dos responsáveis governamentais), poder e auto-estima aos professores dos ensinos básico e secundário. Intrigado com esta estranha coerência, terminava José Gil a sua coluna na Visão de 21 de Fevereiro com a seguinte inter­rogação: "Nisto tudo, porquê tanto ódio, tanto desprezo, tanto ressentimento contra a figura do professor?" Procurando contribuir para responder à pergunta, direi que a atitude governamental em causa, para se poder apre­sentar com tanta convicção e coerência, teve de basear-se em alguns equívocos, que passo a tentar enunciar. Um primeiro equívoco consiste em admitir que a sociedade portuguesa oferece aos jovens condições homogeneamen­te favoráveis de acesso e de relacionamento com a escola, tornando por isso fácil e padronizável a acção pedagógica. Partindo deste equívoco, o corolário político extraído pela actual equipa ministerial foi o de que os alegados maus re­sultados obtidos no sistema educativo português são direc­tamente imputáveis aos seus protagonistas maissalientes: os professores e os órgãos de gestão dasescolas.A verdade é que, para sustentar tal posição, é precisoacreditar que: a sociedade portuguêsa não é marcada por fortes desigualdades económico-sociais; é estatisticamente irrelevante a proporção de crianças e jovens a viverem em situação de pobreza ou em famílias com horizontes de em­prego precários; não há défices de instrução e de literacia muito elevados entre a população adulta, portanto entre os pais de muitos alunos que hoje frequentam a escola; não há falta de tempo nem de preparação de muitos encarregados de educação para o acompanhamento escolar dos filhos; não há espaços residenciais estigmatizados nem formas de socialização desviantes a eles associadas; não hádiluição de factores de motivação para o trabalhoescolar induzidos pelo consumismo e por ilusões deascensão social difun­didas no campo dos media e dasindústrias culturais e de lazer; não há carências nem falta de coordenação entre instituições de apoio social às populações e grupos escola­res mais desfavorecidos; não há desmotivação dos jovens para o prosseguimento de estudos por falta de perspectivas profissionais valorizadoras das aprendizagens escolares; não há pressão para a saída precoce da escola em direcção a postos de trabalho precários e muito pouco qualificados (em Portugal ou até emEspanha); etc.O segundo equívoco é, em grande medida, uma pro­jecção do primeiro no modo de conceber o quotidiano concreto das escolas e desdobra-se, também ele, em múl­tiplas crenças: os equipamentos escolares têm sempre grande qualidade; as turmas reais têm a dimensão que lhes atribuem as "médias" oficiais; é estável, transparente e coerente a malha de regulamentação das actividades lectivas de iniciativa governamental (raramente avalia­das, aliás) a que os professores têm de se adaptar; não há alunos com dificuldades acumuladas nas turmas; há acompanhamento permanente a esses alunos por parte de equipas pluridisciplinares devidamente preparadas e estáveis; há muito tempo disponível no horário dos professores para se relacionarem com os colegas, para prepararem conscienciosamente as aulas e para se en­contrarem consigo próprios no quadro de estratégias de autoformação consistentes e estimulantes; a sala de aula é um espaço de transmissão da mensagem pedagógica sem resistências nem dissidências por parte dos recep­tores, e onde a indisciplina é pontual epassageira; não há sofrimento nem forte incidência deburnout entre os docentes; etc. Assumidas estas ficções sobre a sociedade portuguesa e as suas escolas concretas, basta que se assuma também o pressuposto (individualista/subjectivista) segundo oqual a acção dos professores depende exclusivamente de qualidades e intenções que lhes são "próprias", e não sobretudo, como acontece na prática social em geral, da estrutura de limitações e oportunidades com que seconfrontam - basta que se assumam aquelas ficções eeste pressuposto para se começar a acreditar, e depoisa jurar, que os problemas da escola portuguesa começam e acabam na inabilidade, preguiça, "corporativismo", desleixo, desinteresse dos professores, responsabilizando-os publicamente por isso. Foi esta a armadilha intelectual em que se deixou caira equipa ministerial, quase desde o momento em que iniciou funções. Daí à hostilização sistemática dos professores, ha­bilmente mediada pelo ataque às suas estruturas sindicais, não foi senão um passo. (...)Numa altura em que os teóri­cos da organização e gestão empresarial defendem cada vez mais a importância do envolvimento e participação criativa dos trabalhadores (encarados como actores "re­flexivos"), desconfiando dos que teimam em racionalizar e controlar os comportamentos no espaço do trabalho sem ter em conta a pluralidade e riqueza das suas dimensões humanas, a obsessão "gestionária"do Governo no modo de conceber a actividade docente (actividade relacional por excelência) tem o seu quê de anacrónico - e pode vir a ter consequências muito negativas, se não forem revistas alguns dos seus fundamentos e modos de concretização."


José Madureira PintoSociólogo; professor da Universidade do Porto
Sociólogo, dos melhores.
(inicialmente publicado na edição de Domingo, 9 deMarço de 2008, no Público)"

Comentário meu: apenas tenho a dizer que Madureira Pinho, excelente pessoa além de excelente sociólogo como pode conhecer quem leia a sua obra, cai num erro. É que a equipa ministerial não cai em equívocos nenhuns. Cria intencionalmente equívocos, maldosamente, recorrendo a jogo sujo, propaganda, omissões, inverdades e mentiras para enganar o povo português, denegrindo com propósitos economicistas e divisionistas o professorado português. É um bocado grosso, mas é a verdade. Talvez política e socialmente incorrecta mas a verdade.

quarta-feira, abril 02, 2008

Esta gente não presta

Depois de ler o que resultou do "encontro" do ME com os executivos de Coimbra proporcionado pelo blog do Ramiro Marques só posso dizer o seguinte:
Está provado que só alguém independente hierarquicamente do ME pode lidar com eles e liderar a contestação de que o Ramiro fala. às manobras de divisão que o ME usa eu chamo mesmo de corrupção. A senhora ministra deve ter tirado o curso com o de Gondomar que oferece apitos dourados aos árbitros e caravelas douradas a ministras da educação. Ela oferece cargos prolongados, créditos horários e remunerações acrescidas. Às medidas recentes sobre os professores doentes e incapacitados eu chamo-lhes medidas nazis. É preciso chamar os bois pelos nomes. Estes senhores no ME não prestam. São gente sem escrúpulos que usam de tudo, da omissão à mentira, da demagogia à propaganda para atingir os seus objectivos. Se os deixarmos eles subjugarão toda uma classe deixando apenas à superfície os capatazes necessários.

Rude golpe

Rude golpe, ha que reconhecer. Os conselhos executivos de Coimbra cederam à chantagem do ME para não prejudicarem, dizem eles, os contratados. A luta não passa centralmente por aqui. Tem de passar pela massa dos professores bem dirigida pelos sindicatos.