sábado, setembro 29, 2007

Para quando um mandato claro?

Há já bastantes anos, dizia-se que, quando um governo não queria mexer num assunto complicado, nomeava um grupo de trabalho. Com este governo sabemos que não é assim: nomeia geralmente um grupo de peritos escolhidos pelo poder a dedo, por saberem que pensam exactamente o que o poder quer (ou são ainda mais papistas que o papa), e depois decidem, escolhendo das propostas do grupo, aquelas que ainda mais lhe convêm.
Só que há situações em que a antiga intenção de criar um grupo de trabalho parece voltar a ser norma: é o caso do grupo para a Educação Sexual nas escolas que, pelos vistos, há dias, se pronunciou.
O que falta e faltou nas escolas e aos professores para promoverem uma Educação Sexual realmente existente foi um mandato claro da sua missão. Por razões mais ou menos duvidosas, nunca foi decidido para este aspecto da Educação, um curriculo clarificado, com conteúdos, tempos, docentes responsáveis. Por isso a Educação Sexual nas escolas é algo que não é. É algo que depende de circunstâncias de momento, de pessoas, de boas intenções.
O que foi debitado e saiu para os órgãos da comunicação social proveniente do GT respectivo é mais uma confirmação do mesmo.
Para quando um mandato claro?

quarta-feira, setembro 26, 2007

Tenhamos esperança.

A senhora ministra da Educação, com o seu estilo envernizadamente suave mas que estala à menor pública contestação, tem dito e repetido, - já após a sua saga destruidora do Estatuto da carreira docente, - que nas escolas os professores estão a trabalhar bem e que as escolas estão a funcionar bem.

Na verdade, creio também que a grande maioria das escolas está realmente a funcionar bem e os professores estão realmente a trabalhar bem e o melhor que podem. É uma das poucas coisas em que concordo com a senhora ministra.

Só que, na verdade, isso acontece precisamente, apesar de sua Excelência e não por causa de sua Excelência. Aliás há muitos professores que têm a tentação de passar a funcionar mal por causa de sua Excelência. Muitos realmente, mas nos quais não me incluo pois sempre achei que era trabalhando e dedicando-me ao máximo que depois poderia ter moral para exigir que respeitassem o meu trabalho, coisa que sua Excelência se preocupou em denegrir e desrespeitar nos últimos dois anos, coisa que não perdoaria a quase ninguém.

Aos colegas que, perante estas declarações sobranceiras de sua Excelência, mais, que perante as políticas desmoralizadoras e divisoras da condição docente, têm a tentação de baixar os braços, de desistir, de deixar de lutar pelos seus direitos, de se empenhar menos no seu trabalho, eu digo: não façam isso. Isso é precisamente dar argumentos a quem nos denegriu e denigre e nos quer dividir mais do que já conseguiu.

Lembrem-se que os professores e as escolas ficarão, enquanto os ministros passam e que um dia virá, em que no ministério da Educação estará alguém que não seja, por exemplo, engenheiro, químico, sociólogo das profissões. Alguém que já tenha dado provas práticas e teóricas no mundo da Educação. Alguém, por exemplo, com a sabedoria, com a classe, com a coerência e com a cultura política democrática no sentido mais digno do termo, como teve Rui Grácio.
Tenhamos esperança.

domingo, setembro 23, 2007

Ópios

Há já muitos anos um barbudo dizia que "a religião é o ópio do povo".
Actualmente nem sei se diga que há muitas formas de religião ou se há muitas formas de ópio. O Futebol e a televisão ou o Futebol reverberado pela televisão são, com certeza, um dos ópios mais abundantes no mundo português moderno. Mundo que bem precisa de ópio para fazer esquecer às suas vítimas a identidade dos algozes.

sexta-feira, setembro 21, 2007

"Invejidades."

No editorial do Público de hoje, o seu director teve o atrevimento de dar exemplos de confusões, abusos e maus usos de estatísticas por parte de vários membros do governo.
Chegou mesmo ao desplante de se meter com a nossa Ministra da Educação a respeito das estatísticas do insucesso e abandono escolar.
Hoje é o Público.... amanhã até o Correio da Manhã se atreve a atacar, sei lá, o nosso melhor primeiro Ministro desde o Marquês do Pombal, o nosso querido José Sócrates.
Já não há respeito.
E logo em plena presidência europeia.
Que falta de Nacionalismo.
Em vez de estarem a dar a grandiosa notícia de que nós somos dos primeiros do ranking do e-governement divertem-se com trocos sobre Estatísticas.
É por estas e por outras que Portugal não sai da cepa torta. Invejidades.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Saúdinha

Eu acho que a senhora ministra está a ficar com carinha de quem está muito cansada, quiçá ligeiramente adoentadiça, e um pouco pálida (fenómeno que só se modifica pró vermelho quando ouve demónios com'ó Mario Nogueira).
Fiquei extremamente assustado por certos momentos pela imagem que vi da cara da nossa senhora Ministra no "PRÓs e contrinhas" da Dona Fátima Campos Ferreira que é tão boa jornalista que aqui em casa lhe chamamos a palhacinha da informação televisiva (isto no sentido afectivozinho, como ela costuma pôr as coisas quando pergunta à Doutora Maria de Lurdes se ela já fez as pazes com os professores, como se a nossa senhora ministra tivesse que andar a dar apertos de mão às dezenas de milhares de professores deste país).
Só a perspectiva de a Educação Nacional poder perder, seja só por dias e por uma gripe, a nossa senhora Ministra, que tanto Bem tem feito por ela, é para mim um verdadeiro pesadelo. Saúdinha é o que eu lhe desejo.
E Bem Haja a nossa Bem amada timoneira.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Bom ano lectivo

Depois de impossibilidades de vária natureza pretendo voltar ao activo bloguístico. Registo que o início do ano educativo começa novamente e em força sob o signo da Dona Propaganda.
Será que os meios de comunicação continuarão a sustentar o discurso e a prática da senhora ministra e do governo para esta área?
Acho que sim. Afinal de contas quem são os donos da voz que cada vez mais é a voz do dono?
Resta a todos quantos são professores e:
- amam a sua profissão e gostam dos alunos com quem trabalham;
- sabem que sob a espuma da propaganda se escondem vacuidades e iniquidades;
resta, repito eu, a coragem da resistência activa, do desmascarar caminhos incorrectos, continuando o seu trabalho de qualidade nas escolas.
Com a alegria primeira de quem sabe ter mais razão do seu lado, pois toda a luta tem de buscar forças na razão. Mesmo quando defrontamos quem dispõe de meios desiguais e estando numa arena mediática desfavorável.
Bom ano a todos os professores que lutem pela dignidade da profissão e pela qualidade da educação.