quarta-feira, agosto 29, 2007

Fábrica de cínicos.

O actual autarca do Porto, de seu nome Rui Rio, mais uma vez veio atacar a falta de profissionalismo dos "homens" da recolha do lixo da sua cidade. Depois de já ter lançado um concurso para privatização de 50% da recolha do lixo na cidade, Rio pondera agora aumentar em mais umas dezenas na percentagem o que levará a uma privatização da recolha do lixo.
É cinismo no mais puro estado.
Só mesmo alguém que conte com uma profunda desinformação dos seus munícipes e o apoio de uma comunicação social macia, gizaria uma manobra destas que já teve anteriores episódios: culpar pelos efeitos indesejados aqueles que têm menor possibilidades de os mudar.
Pergunto: quem, senão os trabalhadores da recolha do lixo, estaria menos interessado em que o seu serviço funcionasse mal?
Este assunto cheira mal e não é pelo lixo.
Já num post anterior me referi a estas estratégias voluntárias por parte de políticos neoliberais, de contribuirem activamente para a degradação dos serviços públicos de modo a poderem justificar a sua privatização. Privatização que antes de ser directa, passa em tantos casos por processos intermédios de criação de empresas municipais, de parcerias publico-privadas, concessões, etc.
Campeia o maior cinismo e desfaçatez em todos estes processos. É que tudo precisa de ser bem urdido. É uma verdadeira fábrica de cínicos esta forma de fazer política.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Política ou negócio

Depois de sair do seu cargo político o criado do actual e anterior imperador dos states, contratou o advogado que o ex-imperador tinha contratado para negociar a edição das suas memórias. O britânico também quer uns chorudos dinheirinhos contando estórias edificantes sobre o seu pontificado. Tão pouquinho tempo depois de deixar a sua pesada missão...
Como era bom que os cidadãos tomassem consciência que muitíssimos políticos não passam de gente que está a tratar da sua própria vidinha. Estes exemplos demonstram-no bem.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Apetece-me hoje ser neoliberal

Nos últimos dias os "peritos" da economia e das bolsas têm vindo a "explicar" o que tem acontecido com as bolsas e com o "preço do dinheiro". Os bancos centrais europeu e norte americano já "injectaram" por várias vezes dezenas de milhões de euros (não sei se os zeros são estes) para tentarem parar o descalabro financeiro das bolsas.
Então estes neoliberais de meia tijela, logo agora que os "mercados" estão a mostrar todo o seu dinamismo, estão a tentar prender o jogo do "mercado livre"? Caraças, eu acho que estes gajos estão a introduzir "rigidez" nestes mercados.
Acima a liberalização total dos mercados financeiros. Abaixo a artificial interferência dos bancos centrais. Deixem os mercados funcionar que eles estabelecerão rapidamente o equilíbrio!!!
Hoje apeteceu-me libertar o neoliberal que há em mim.
Amanhã não passarei do mesmo intervencionista de sempre que acredita no poder e no dever do Estado, desde que ele esteja ao serviço das maiorias e dos mais desfavorecidos, para regular a sociedade.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Farsa grotesca

A farsa grotesca que a propósito do "novo" estatuto dos professores imposto pelo governo se desenrola, deu nos últimos dias um novo passo com a saída das listas definitivas do concurso dos ditos "professores titulares".
Passe a retórica legitimadora do governo, toda esta farsa tem apenas dois objectivos mutuamente e inextrincavelmente associados: 1-dividir os professores hierarquizando-os; 2-restringir (economicisticamente) o percurso da grande maioria dos professores aos níveis mais bem remunerados da carreira.
Cada um dos objectivos é instrumental em relação ao outro, mas não só instrumental, é uma necessidade objectiva para criar uma nova profissão: constituída por uma maioria de professores submetidos a ditames de hierarquias artificiais além dos ditames absurdos duma pretensa ( e anacrónica) racionalidade técnica entretanto mais desvendada com as propostas de regulamentação da avaliação do desempenho.
Confessemos que estes dois objectivos são coerentes com a nova configuração pretendida para o sistema educativo público e com o sistema social neoliberal que se está há anos a desenvolver: um sistema marcado pela desigualdade, em que a maioria das escolas destinadas à maioria das crianças e jovens das classes populares (destinadas por sua vez ao desemprego ou ao cada vez maior contingente de reserva industrial e de serviços) serão cada vez mais deitadas às feras, desorçamentadas, culpabilizadas pela sua baixa de nível educativo proporcionado. Ora, para tais escolas, convenhamos que não são necessários (sendo até contraproducentes) professores muito bem formados, remunerados e estatutariamente considerados.
Entretanto os professores deixaram-se e deixam-se submeter. Uns por verem momentaneamente satisfeitos pequenos egos; outros por medo; muitos por incapacidade conformista adquirida.
Aqui espero, activamente, fazendo individual e colectivamente o que posso, para inverter esta linha de rumo.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Gentinha danosa.

Nutro um profundo desprezo e repulsa por esta gente que nos governa e em particular pelos governantes de turno no ministério da Educação: em vez de me dedicar totalmente ao gosto e ao trabalho de ensinar e educar os meus alunos e de fazer por melhorar todos os dias a minha formação pessoal, científica e pedagógica para que isso seja possível, tenho de dedicar parte considerável da minha atenção, forças e tempo a detestar, contestar, contrariar os efeitos danosos e lutar contra esta gente e suas malfeitorias.
Um desejo: que o destino desta gente seja conforme ao sentido com que fazem enveredar a Educação em Portugal.