quinta-feira, agosto 31, 2006

Responsabilidade moral

"É óbvio que o sistema escolar, em geral, e o educador em particular não têm o poder e a influência para estabelecer uma sociedade moral; pensar assim seria uma ingenuidade. Mas também é certo que educar é uma responsabilidade pública e fazê-la de uma maneira ou de outra tem suas consequências. Ao Estado e aos governos corresponde as iniciativas, os apoios, as políticas redistributivas, mas a Escola e o professor são responsáveis na construção de uma sociedade mais humana, mais justa e nisso têm de se comprometer ainda que os resultados sejam escassos ou nulos. Que o resultado não depende totalmente de nós é algo que Kant viu com toda a lucidez. Que posso esperar se faço o que devo?, perguntou-se como anotação final do seu sistema ético, e a resposta foi mais ou menos esta: nada mais que a satisfação de haver actuado como devia."
Escámez(1996)
"Una propuesta de educación en Valores en el nivel de secundaria" Revista Interuniversitaria de Formación del Profesorado. N.º 25, pp. 21-35.
(tradução minha)

refundação do blog


Da reflexão que fiz, na paragem do blog, em relação ao seu conteúdo no ano lectivo anterior, saiu a necessidade e o desejo de o refundar. O seu novo título e palavras de apresentação já dirão algo em relação a essa mudança. No entanto, neste primeiro post de 2006/2007, aqui vão explicações acrescidas.
Este novo fôlego do blog parte do seguinte pressuposto inicial: os problemas que a Educação e a Escola apresentam na nossa sociedade actual, ao contrário do que os discursos dominantes nos tentam impingir, não são problemas de natureza técnica, resolúveis com soluções tecnocráticas.

Este blog tentará contribuir para alcançar dois objectivos:
1.º- o de tentar desocultar as razões da crise da Educação que os discursos tecnocráticos tentam esconder;
2.º- o de tentar contribuir para apontar outras soluções possíveis e desejáveis para a Educação.

As fontes utilizadas serão fundamentalmente: todos os autores da Pedagogia Crítica que tentam aliar a "linguagem da crítica à linguagem da possibilidade" (Giroux); e a leitura da realidade portuguesa.

O método fundamental será o de utilizar a "análise relacional"(Apple) que coloca a Educação no seio dos problemas que a sociedade apresenta.

Como professor que sou, darei uma perspectiva não neutra mas particularmente situada como um actor do sistema, tentando empaticamente compreender o ponto de vista dos outros actores insubtítuíveis deste mundo problemático mas fascinante da Educação.

Também, para que conste, desde já menciono como intenção fundadora colocar-me do lado daqueles que no sistema Educativo estão numa situação desprivilegiada.